PRIMEIRA CARTA: À
IGREJA DE ÉFESO
1. “ESCRE ao anjo
da igreja que está em Efeso. Isto diz aquele que tem na sua destra as sete
estrelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro”
I. “...Ao anjo da igreja”. Nada se sabe de
certo quem era esse “anjo” nos dias em que esta carta estava sendo enviadaç a
não ser aquilo que se depreende do texto em foco. Segundo o relato de Lucas em
Atos 20, quando Paulo visitou a Asia Menor, “...de Mileto mandou a Efeso, a
chamar os anciãos da igreja. E, logo que chegaram junto dele, disse-lhes..
.Olhai pois por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos
constituiu bispos, para apascentae5 a igreja de Deus, que ele resgatou com seu
próprio sangue” (At 20. 17, 18, 28). Quando Paulo falou essas palavras Timóteo
era o pastor (anjo) da igreja de Efeso (1 Tm 1. 3) e provavelmente Tíquico
tenha sido seu substituto (At 20. 4; Ef 6. 21; 2 Tm 4. 12). o “anjo” a que
Jesus se refere bem pode ser este
1. EFESO. O nome significa “desejado”. Situação
geográfica: a cidade de Éfeso se enclavava no pequeno Continente da Asia Menor
(hoje, atual porção da Turquia Asiática). “Esta era a capital da província
romana da Asia. Com Antioquia da Síria e Alexandria no Egito, formavam o grupo
das três maiores cidades do litoral leste do Mar Mediterrâneo. O seu templo da
“Diana dos efésios” (At 19. 28) foi considerado uma das sete maravilhas do
mundo antigo” pelo menos duas vezes, Paulo esteve nessa cidade (At 8. 19 e 19.
1). Em sua terceira viagem por aquela região, ele não chegou até lá, mas
estando em Mileto “mandou a Efeso, a chamar os anciãos da Igreja”. Essa igreja
recebeu duas cartas: uma de Paulo (epístola aos efésios), a outra de Cristo (à
que está em foco). A primeira em 64 d. C., a segunda em 96 d. C.
2. Notem-se as sete coisas comuns a todas as sete mensagens:
(a) Todas são dirigidas “ao anjo da igreja”. 2. 1, 8, 12, 18; 3. 1, 7, 14, (b)
Cada mensagem tem uma descrição abreviada daquele que a envia, tirada da visão
de Cristo glorificado, no primeiro capítulo. (c) Cristo afirma a cada igreja:
“Sei”. 2. 2, 9, 13, 19; 3. 1, 8, 15. (d) Todas as mensagens têm ou uma palavra
de louvou ou de censura. 2. 4, 9, 14, 20; 3. 2, 8-10, 16. (e) Cristo lembra Sua
Vinda e o que há de acontecer conforme a conduta da própria pessoa, a todas as
sete igrejas. (f) A cada igreja é repetido a frase: “Quem tem ouvidos, ouça õ
que o Espírito diz às igrejas”. 2. 7, 11, 17, 29; 3. 6, 13, 22. (g) Cada vez,
há promessa explícita, para os vencedores do bom combate da fé: “Jesus diz: O
que vencer!”. (Cf. 2. 7, 11, 17, 26; 3. 5, 12, 21).
2. “Eu sei as tuas
obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e
puseste à prova os que dizem ser apóstolos e o não são, e tu * os achaste
mentirosos”.
1. “...os que dizem ser apóstolos”.
Está em foco neste versículo, os chefes Gnósticos, que tinham arrogado para si
o título de apóstolos de Cristo. Paulo diz que tais “...falsos apóstolos são
obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo” (2 Co 11.
13b). Diante dos “anciãos de Éfeso”, Paulo os chamou de “...lobos cruéis, que
não perdoarão ao rebanho” (At. 20. 29a). Oito livros do Novo Testamento foram
escritos contra formas diversas dessa heresia, a saber: (Colossenses, as três
epístolas pastorais, as três epístolas joaninas e Judas), A Epístola aos
Efésios, o evangelho de João e o livro do Apocalipse, em alguns trechos
esparsos, também refletem oposição a essa heresia.
A igreja de Éfeso
não suportava os tais gnósticos e por isso foi louvada pelo Senhor: “puseste à
prova”. Esta expressão é que equivale dizer no grego: “Reprovaste-OS”.
1. A igreja de Efeso, talvez tenha sido a de maior cuidado do
ministério de Paulo; O Novo Testamento diz que, Paulo esteve em Efeso, levando
consigo Priscila e Áquila; e deixou-os ali (At 18. 19); retornou mais tarde
(19. 1) e desta vez permaneceu dois anos, dedicado à pregação do Evangelho.
Dessa maneira, todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra sobre o Senhor
Jesus, assim judeus como gregos (At 19. 10). Efeso chegou mesmo a tornar-se o
centro do mundo cristão. “As profecias de Paulo realizaram-se: poderá hoje,
quem visita Efeso saber onde era o lugar da casa ou templo em que a igreja se
reunia? Tudo ruína! “Como homem, combati em Éfeso contra as bestas” disse
Paulo: Feras humanas! (cf. 1 Co 15. 32)”.
3. “E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e
não te cansaste”.
1. “...tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome”. Ë
evidente que os que tem esperança, esperam. E, “os que esperam no Senhor
renovarão as suas forças...” (Is 40. 29 31). No Salmo 89. 19, há uma promessa
de Deus para aquele que trabalha: “Socorri um que é esforçado: exaltei a um
eleito do povo”. A inatividade na vida espiritual é condenada por Deus. No
livro de Provérbios fala-se do “preguiçoso” cerca de 17 vezes, por isso é
evidente que o Espírito Santo considera muito este perigo da mocidade e de
pessoas mais idosas, O preguiçoso é reprovado por covardia (Pv 21. 25; 26. 13),
por negligenciar as Oportunidades (Pv 12. 27), os deveres (Pv 20. 4), por
desperdiçamento (Pv 18. 9), por indolência (Pv 6. 6, 9), por imagina-se sábio
(Pv 26. 16). Ele é ainda comparado ao caçador que não assa sua caça, e portanto
a come crua (Pv 12. 27); concomitantemente ele não leva sua mão à boca para não
cansar o braço (Pv 26. 15). A igreja de Efeso era conhecida pelas obras;
perseverava no trabalho; não cansava no serviço de Cristo. Note como se repete
a palavra “Paciência”; eram perseverantes no lidar (v. 2), e, perseverantes no
sofrer (v. 3).
4. “Tenho, porém, contra ti que deixaste a tua primeira
caridade”.
1. “...A primeira
caridade” (O primeiro amor). A presente expres são, não significa “declínio da
fé” como pensam alguns, mas, antes, Sugere um esfriamento no amor (Mt 24. 12).
Cerca de 30 anos antes desta carta, a igreja de Éfeso, tinha ardente caridade
para com “todos os santos” (cf. Ef 3. 18). Paulo chegou até a convid4os a
participarem da “...largura, e o cumprimento, e a altura e a profundidade” do
amor de Deus, “...que excede todo o entendimento» (Ef 3. 18-19). O
desaparecimento gradual do amor fraternal no coração do salvo (Mt 24. 12). Tem
como resultado, o abandono da “primeira caridade”. Pedro disse aos seus
leitores: “...sobretudo, tende ardente caridade” (1 Pd 4. 8).
1. Cristo mencionou
não menos que 9 características destacadas e louváveis que achou na igreja de Efeso.
Mas por isso podia desculpá-la da falta de amor. Apesar de qualquer esforço, ou
de qualquer grau de Sinceridade, gravíssimo o nosso estado espiritual se nos
faltar o amor: “...ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os
mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que
transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria”. “...ainda que
distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse
o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me
aproveitaria”.
Esta é a grande
declaração do Apóstolo Paulo, em 1 Co 13. 3-4. Se o cristão não tem amor, a
vida espiritual também não tem sentido, “Nada Seria!”. Disse ele!.
5. “Lembra pois donde caíste, e arrepende-te e pratica as
primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o
teu castiçal, se não te arrependeres
1. “...Tirarei do seu lugar o teu castiçal”,
Esta profecia do Senhor Jesus sobre a “remoção” do castiçal de Efeso, não se
cumpriu na igreja mas também na cidade. Alguém já disse com sabedoria:.Há tempo
para perdão e tempo para juízo”. Cf. Ec 3.1, Por muito tempo o “castiçal” de
Efeso se manteve em pé; Deus estava-lhe dando uma oportunidade para
arrependimento. Segundo o testemunho da História, ela isso não fez, e o juízo
de Deus atingiu não somente o “castiçal” (igreja, mas também a cidade, e no
quinto século sua glória declinou. “Hoje não restam nem opulência, nem mesmo
templos pagãos suntuosos, nem o porto, que o próprio Mar destruiu e aterrou”.
Êfeso era a igreja autêntica; ensinava a verdadeira doutrina de Cristo, e punha
a prova os homens que se desviaram da fé uma vez para sempre entregue aos
santos. Mas devia arrepender-se de uma falta grave: “Deixou o primeiro amor”.
No contexto vivido; a melhor maneira de o cristão restaurar a “primeira
caridade”, é sem dúvida alguma: praticar “as primeiras obras”. Ambas
exigências, foram exigidas na igreja de Éfeso.
6. “Tens, porém, isto: que aborreces as obras dos nicolaítas “,
as quais eu também aborreço”.
1. “...os nicolaítas”. Não podemos determinar com
certeza serem estes “nicolaítas” discípulos de “Nicolau”, o sétimo diácono (At
6. 5). O texto divino escrito por São Lucas, afirma ser Nicolau, um homem de
“boa reputação, cheio do Espírito Santo e de sabedoria” (At 6. 3).
O Apóstolo João,
conhecia bem pessoalmente a Nicolau, e sem dúvida, no dia de sua separação para
o diaconato (o texto em si não diz que aqueles sete foram separados para
diáconos; mas o grego ali existente favoresse o significado do pensamento:
diáconos, três vezes, ministros, sete vezes e servos, vinte vezes), pôs suas
mãos sobre ele (At 6. 2, 6), é esta razão, além de muitas outras, motivo para
não infligirmos na conduta deste servo de Deus, aquilo que ele não foi. Se
assim o tivesse sido, João teria citado seu nome como fez com os outros
inimigos da igreja. De acordo com C. 1. Scofield, a palavra “Nicolau” quer
dizer “Vencedor do Povo”, e o termo “nicolaítas” que vem no superlativo tem
quase o mesmo sentido: Nico é um termo grego que significa conquistar ou
subjulgar. Laitanes é a palavra grega de onde se deriva nosso vocábulo “leigo”.
Nas cartas do
Apocalipse, quando é mencionada uma doutrina ou ato de uma pessoa, comumente se
usa mencionar seu nome, por exemplo: “doutrina de Balaão” (2. 14); “o trono de
Satanás” (2. 13); “sinagoga de Satanás” (2. 9 e 3. 9); “as profundezas de
Satanás” (2. 24); “toleras Jezabel”, etc. (2. 20). Quanto aos “nicolaítas”, o
estilo muda completamente como pode muito bem ser observado: a frase “as obras
dos nicolaítas” (2. 6), e “doutrina dos nicolaítas” ,(215). O presente texto,
não diz: “As obras de Nicolau” (a pessoa); nem a “doutrina de Nicolau” (um dos
sete). O leitor deve bem observar a frase pluralizada: “As obras (dos)
nicolaítas” e “doutrina (dos) nicolaítas”. Estas expressões referem-se a um
grupo e não a uma pessoa.
1. Outro ponto de
vista sobre o assunto que deve ser observado é que Nicolau “era prosélito de
Antioquia” (At 6. 5); separado para o diaconato, servia na igreja de Jerusalém.
O livro de Atos dos Apóstolos não fala de Nicólau como tendo-se destacado como
missionário itinerante, a exemplo de Estevão e Filipe (At 6. 8 e 21. 8).
Ë evidente que sua
esfera de trabalho foi local; ele não alcançou lugares distantes como Efeso e
Pérgamo. Pelo que sabemos, não é mencionado mesmo antes ou depois de Cristo, um
homem chamado Nicolau que tenha fundado uma seita, a não ser aquilo depreendido
e focalizado do texto em foco. Se essa palavra é simbólica, vemos, neste
vocábulo, “nicolaítas”, o começo do controle sacerdotal ou eclesiástico sobre
as congregações (igrejas) cristãs individuais, O Sr. A. E. Bloomfield(29)
declara o que segue: “Os movimentos das igrejas, visando poder político e
prestígio social mediante uniões, federações e alianças mundanas, são
“doutrinas e obras” dos nicolaítas. Trata-se do esforço de restaurar, por
métodos humanos, aquilo que se perdeu (o primeiro amor)”.
Observemos dois
pontos focais ainda sobre o presente assunto: (a) Tudo indica que “nicolaítas”,
refere-se ao começo da noção de uma ordem sacerdotal na igreja: “clero” e
“leigos”. Tudo nos faz crer, que esta seita denominada de “nicolaítas” faz
parte de um “sistema” gnóstico existente naqueles dias; pode ser isso o sentido
real do que temos aqui.
(b) Como já ficou
estabelecido acima: “...Em época posterior a Cristo, houve uma seita gnóstica
conhecida por “os nicolaítas”, a qual é mencionada por Tertuliano de Cartago.
Que também era de índole gnóstica”.
7. “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao
que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso
de Deus”.
1. “...a comer da árvore da vida”. O
vencedor recebe a promessa de que se alimentará da árvore da vida. Este livro fecha
com uma “bem-aventurança” sobre os que têm “direito à árvore da vida” (22. 14).
Em Apocalipse não aparece mais a “árvore da ciência do bem e do mal” (Gn 2.
17), mas de um modo especial a “árvore da vida”. O comer da árvore da vida
expressa a participação na vida eterna.
1. O simbolismo da
árvore da vida aparece em todas as mitologias, desde a Índia, até à
Escandinávia. Os rabinos judeus e ismaelitas chamavam de “árvore da provação”.
O Zend Avesta tem a sua própria árvore da vida, chamada de “Destruidora da
Morte”. Para nós, porém, o comer da árvore da vida, significa o direito de ser
revestido da imortalidade (Ap 22. 19). Algumas Bíblias trazem: “comer”. Mas, em
outras, “se alimente” (Almeida, 1969 é mais expressiva). A sabedoria divina
divide os homens em duas classes: a dos vencedores e a dos vencidos (2 Pd 2.
20). Os vencedores comerão: “da árvore da vida” no Paraíso de Deus. No Eden,
aos vencidos foi vedado a oportunidade de comer dessa árvore, para que não
vivessem para sempre na miséria (Gn 3. 22). Mas aos vencedores, na maior
felicidade, será concedido comer e viver eternamente.
Elaboração pelo:-
Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica
Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Livro:- Apocalipse
versículo por versículo – Severino Pedro da Silva
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