Capítulo IV
1.
“DEPOIS destas coisas, olhei, e eis que estava ima porta aberta no céu: e a
primeira voz, que como * de trombeta ouvira falar comigo, disse: Sobe aqui, e
mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer”.
1.
“...Depois destas coisas”. Com o capítulo 4. inicia-se a segunda parte do
Apocalipse. A partir desse capítulo o livro do Apocalipse é completamente
futurístico e a visão muda também de posição geográfica: da terra para o céu.
As secções deste grande livro de Deus sempre são divididas pelo uso da palavra
“depois”; a partir daí a cena muda de posição. Às vezes marca também, o fim de
uma coisa e o início da outra (cf. 1. 19; 4. 1; 7. 1, 9; 8. 5; 15. 5; 18. 1;
19. 1; 20. 3, etc). Talvez, o “depois” do capítulo 11. 11, marque a 4 ordem da
ressurreição da imortalidade que, tecnicamente falando, trata-se da primeira
ressurreição (cf. 1 .Co 14. 23; retrospectivamente: Mt 27. 51-53; 1 Co 15. 23;
52; Ap 11. 11; 20. 4). “Passando-se deste texto diretamente para o capítulo 4,
1, observa-se que a preposição grega META, regida pelo acusativo e traduzida em
português pelo advérbio “DEPOIS”, logicamente nos indica a continuação do
relato constante da primeira visão narrada no capítulo primeiro do mesmo livro”.
1.
Uma porta aberta no céu. No fim do capítulo convida-se o homem a abrir uma
porta para Cristo; agora uma porta abre-se no céu para que o homem entre. Com
esta porta aberta inicia-se a parte verdadeiramente profética do livro, embora
a ação profética definida não comece até o capítulo seis. Esta é a terceira
“porta” que encontramos no Apocalipse: a primeira, foi a da “oportunidade” para
anunciar o Evangelho, aberta diante da igreja de Filadélfia (3. 8); a segunda,
a porta do “coração” dos crentes de Laodicéia (3. 20), porta fechada para Cristo.
Esta, agcra, do texto em foco, a terceira: a porta da “revelação”. Através dela
Deus mostrará aos seus servos “as coisas que depois destas devem acontecer”.
Alguns comentaristas opinam que a palavra “depois” vista no presente texto,
equivale “depois da era da Igreja” e João, sendo arrebatado em espírito, serve
de figura expressiva do arrebatamento da Igreja da terra para a recâmara
celeste.
2.
A primeira voz.
Agora a “voz” fala novamente ao vidente João. Essa voz, anteriormente,
falou-lhe na “terra” (cf. 1. 10), mas agora se dirige a ele “no céu” com uma
nova intensidade.
2.
“E logo fui arrebatado em espírito ‘‘, e eis que um trono estava posto * no
céu, e um assentado sobre o trono”.
1.
“...Logo fui arrebatado”, O Apocalipse caracteriza..se por um sentimento de
urgência e de iminência, O vocábulo “imediatamente” aparece apenas cinco vezes
no Antigo Testamento, e mais de sessenta e cinco em o Novo. No Apocalipse,
sempre ocorre o vocábulo próximo: (1. 3), sem demora (3. 11), logo (4. 2), cedo
(22. 12), etc. São expressões que denotam urgência e rapidez. Isso se harmoniza
também com a natureza do livro que diz: “próximo está o tempo” (cf. 22. 10).
João, ao ser arrebatado em espírito(80), se encontra agora noutra dimensão.
Esta conclusão é sustentada pela grande facilidade com que as cenas no
Apocalipse mudam do céu para a terra. Ele em sua visão é levado ao céu em 4. 1
e permanece lá até o fim do capítulo 9.
No capítulo 10 ele está novamente
na terra, porque vê o anjo “que descia do céu” (10. 1), onde permanece até 11.
13; em 11. 15-19 a cena da visão novamente se desenrola no céu. Parece que no
capítulo 12 o vidente está de novo na terra, mas em 14. 18-19 presume sua
presença no céu.
2.
Eis que um trono estava posto no céu. Visto que a palavra “trono” aparece 38
vezes no Apocalipse, ele é, sem dúvida, “o livro do trono” e chega até nós com
toda a autoridade do espantoso controle de Deus. No Apocalipse, o “trono” é
aludido, algumas vezes como pertencente ao Pai; mas em outras vezes como
pertencente ao Filho. “O livro abre (1. 4) e fecha (22. 3) côm um trono” (81).
Cf. 1. 4; 3. 21; 4. 2-6, 9, 10; 5. 1, 6, 7, 11, 13; 6. 16; 7. 9-11, 15, 17; 8.
3; 12. 5; 14. 3, 5; 16. 17; 19. 4, 5; 20. 11; 21. 5 e 22. 1, 3). Algumas
traduções, ao invés de dizerem “eis que um trono estava posto.,.”, dizem: “E
eis que estava armado um trono no céu”. “Posto” traz a idéia de que o trono foi
levado de algum lugar para lá, motivo pelo qual somos propensos a achar mais
exata a primeira tradução, que nos parece, aliás, mais de acordo com o texto
grego (Nestle-Marshall). Esse trono foi a “primeira coisa” que João viu no céu,
O trono é, pois, o de Deus. Ë sinal da divina Soberania e Majestade. Não admira,
portanto, que essa palavra esteja presente em quase todos os capítulos desse
livro.
3.
“E o que estava assentado era, na aparência, semelhante à pedra jaspe e
sardônica; e o arco celeste * estava ao redor do trono, e parecia semelhante à
esmeralda”.
1.
“...E o que estava assentado”. O Pai está em foco nesta passagem. Ele
está “assentado”, porquanto assumiu a posição de autoridade, como um Rei, o
qual se “assenta em seu trono”, enquanto que seus ministros estão “...à sua mão
direita e à sua esquerda” (cf. 1 Rs 22. 19).
1. Ao se deparar com aquela
autoridade “assentada” no trono, João teve a seguinte percepção: (a) Exaltação
e Majestade; (b) Poder sobre todo o universo, intervenção na história humana,
planejamento do destino humano; (e) Região do espírito puro e da vida em sua
forma de expressão mais elevada; (d) Fonte de revelação da intenção de Deus
para com os homens, agora, e na eternidade.
2.
Sua aparência.
O profeta Ezequiel viu a aparência de Deus (Ez 1. 26-28), esta passagem (e
outras correlatas nas Escrituras) faz cair por terra a doutrina falsa do
panteísmo, que diz que Deus não tem forma, e que tudo está em Deus e que Deus
está em tudo. “A filosofia é o ramo do conhecimento que tem por objetivo
descobrir a verdade concernente a Deus, ao homem e ao universo, tanto quanto
essas verdades podem ser compreendidas pela razão humana”. Os epicureus eram céticos, que rejeitavam todas as
religiões e suas formas de expressões. Acreditavam que o mundo se formou
casualmente, que a alma é mortal e que o prazer é o principal fim da vida. Os
estóicos eram panteístas, quer dizer, acreditavam que tudo é parte de Deus.
Criam que a virtude é o fim principal da vida, e que devia ser praticada como
um fim em si mesma. As Escrituras, porém, falam da “forma de Deus” e suas
“expressões”. Paulo diz que “há corpos celestes” e “corpo espiritual” (cf. 1 Co
15. 40 e 44). Por cuja razão, fala-se de Deus como: “A forma de Deus” (cf. Fl
2. 6). “A imagem de Deus” (cf. 2 Co 4. 4). “A sua pessoa” (cf. Hb 1. 3), etc.
3.
Pedra jaspe.
Além desta menção, lê-se que de “jaspe” eram os alicerces * da Nova Jerusalém
(Ap 21. 19). Também havia “jaspe” na superestrutura da muralha da Cidade
Celeste (Ap 21. 18) e no brilho da Capital da Nova Terra e do Novo Céu (Ap 21.
11).
4.
Sardônica.
Plínio diz-nos que esse nome (sardônica) deriva de Sardes, onde era explorada e
de onde era exportada. Supostamente corresponde nossa pedra coralina. É a pedra
que forma a sexta camada do Alicerce da Jerusalém Celeste. (Cf. Ap 21. 20).
Trata-se de uma forma de quartzo, de cor vermelha ou marrom escuro. Alguns
estudiosos sugerem que o jaspe simboliza a santidade, ao passo que a Sardônica
simboliza a retidão.
5.
O arco celeste.
Originalmente aparece pela primeira vez em (Gn 9. 13) como “sinal” de um Pacto,
isto é, uma promessa de Deus ao homem, de que a terra não seria novamente
destruída pela água. Sua cor verde como é descrita pelo presente texto, fala de
vida. No contexto da promessa, isso aponta para a vida eterna. Alguém observa
que, o “arco celeste” aqui, representa uma esperança que a tragédia não pode
destruir. No trono dos céus, acima do firmamento humano, há também um “Arco
Celeste”. Ali reinam expectações gloriosas; todas as cores (sete) são exigidas
para expressar os múltiplos aspectos de satisfação, representados para o Reino
de Deus.
4.
“E ao redor do trono havia vinte e quatro tronos; e vi assentados sobre os
tronos vinte e quatro * anciãos vestidos de vestidos brancos; e tinham sobre
suas cabeças coroas de ouro”.
1.
“...vinte e quatro anciãos”. Em (Is 24. 23), afirma-se que o Senhor
quando “...reinar no monte de Sião e em Jerusalém... perante os seus anciãos
haverá glória”. Os judeus criam que a Jerusalém terrena tivesse seu paralelo
nos céus, e que o Templo terrestre era cópia do celestial (cf. Hb 8. 5 e 9.
23). Assim, se há anciãos que entoam louvores a Deus, na Capital terrestre,
haverá aqueles que fazem idêntica coisa nos céus. “Os vinte e quatro anciãos”
do capítulo em foco, não podem ser anjos: eles entoam o cântico da redenção,
como tendo sido redimi- dos (Ap 5. 8-9).
É evidente que, em sentido geral,
os anjos não são vistos coroados, e nem assentados em tronos. Jesus falou aos
seus discípulos que eles no futuro se assentariam sobre “doze tronos” (Mt 19.
28). Esses “personagens” misteriosos encontram-se em estado de salvação
definitiva (vestidos de branco), já possuem o prêmio de sua salvação (coroas de
ouro) e participam com autoridade no desenvolvimento da salvação (assentados em
tronos). Quem são eles? Há somente um sentido possível: Os doze primeiros
anciãos deste turno de vinte e quatro, são “os doze patriarcas” filhos de
Israel, que estão ao lado de Cristo, representando todos os remidos da “dispensação
da lei” focalizada* no Antigo Testamento (cf. Nm 13. 2-3; 17. 1-6; .Hb 8. 5 e
9. 23). Os outros doze, são “os doze Apóstolos do Cordeiro”, pois em alguns
casos eles são chamados de “anciãos” (cf. Fm v. 9; 1 Pd 5. 1; 2 Jo v. 1 e 3 Jo
v. 1). Estão ao lado de Cristo, representando todos os remidos da “dispensação
da graça” focalizada no Novo Testamento (cf. Mt 19. 29; Ap 21. 12, 14). Está
aqui já o início do cumprimento da promessa do Senhor em (Mt 19. 28). Tronos,
no primeiro caso, e coroas no segundo (cf. 2 Tm 4. 8). Provavelmente serão eles
os mesmos personagens que se assentarão ao lado de Cristo durante o Milênio
(cf. Ap 20. 4).
5.
“E do trono saíam relâmpagos, e trovões, e vozes; e diante do trono ardiam sete
lâmpadas de fogo, as quais são os sete Espíritos de Deus”.
1.
“...relâmpagos, e trovões, e vozes”. No contexto profético, relâmpagos,
trovões e vozes, são sempre manifestações do grande poder de Deus.
Provavelmente é correto ver, no presente texto, o mesmo sentido. A voz fala de
paz, mas também ameaça julgamento. Seu relâmpago revela a verdade, mas também
produz o desastre. O Salmo 29 faz um elogio da “voz do Senhor”, em que a glória
de Deus troveja. Sua leitura nos fornece idéia sobre o significado do pensamento
inserido no presente versículo. Nesse Salmo, a “voz” tanto é uma bênção como é
o irrompimento da ira, de Deus contra os ímpios. Acerca da cena, no Monte
Sinai, a “voz” de Deus apresenta um simbolismo (cf. Êx 19. 16).
Em Ezequiel 1. 13, temos
relâmpagos que saíam do fogo entre os seres viventes; quando Deus desceu sobre
o Monte Sinai, houve trovões e relâmpagos e espessa nuvem sobre o Monte. (Ver
Êx 19. 16 e Hb 12. 18-21). Em iguais circunstâncias essas manifestações serão
encontradas no Apocalipse (8. 5 e ss).
6.
“E havia diante do trono um como mar de vidro, semelhante ao cristal. E no meio
do trono, e ao redor do trono, quatro animais cheios de olhos, por diante e por
detrás”.
1.
“...um como mar de vidro”. Simbolicamente o “mar” representa povos, e
multidões, e nações, e línguas: em estado de inquietação (cf. Lc 21. 25 e Ap
17. 15). O “mar” do presente texto, pode simbolizar a “nação santa, o povo
adquirido...” pelo sangue do Cordeiro (cf. 1 Pd 2. 9), que subseqüentemente
acharam seu lar nos céus. O “mar” terrestre representa as “nações mortais” (Ap
13. 1). Assim, o “mar” celestial representa as “nações celestiais”. Esse “mar”
é claro e puro, em contraste com as águas agitadas e imundas dos mares terrenos
aqui deste mundo. Podemos observar a frase: “como mar de vidro”(87) e
aceitarmos esse sentido. (“Um dia chegaremos na praia do outro mar”. Enfatiza
um cantor sacro ***).
1.
quatro animais cheios de olhos. Estes seres sobrenaturais são sempre
citados em conexão com o trono de Deus (cf. Ez 1 e 10). Nas passagens dos
capítulos (1 e 10) de Ezequiel eles são chamados de “querubins”. A palavra
“querubim” ou “querubins” tem sua raiz no verbo “Kerühbtm”. Plural de
“querube”. Significa guardar, cobrir ou celestial. São vistos pela primeira
vez, ao lado oriental do Jardim do Eden, guardando “o caminho da árvore da
vida” (Gn 3. 24). Sobre o propiciatório (a tampa da arca), eram contemplados
dois querubins de ouro (Êx 25. 17-22). As bordaduras das cortinas do tabernáculo
eram figuras de querubins (Êx 25. 18). O véu que fazia “separação entre o
santuário e o lugar santíssimo” era bordado com figuras de querubins em alto
relevo (Éx 26. 31, 33). Deus habita entre os querubins e deles faz sua
carruagem (SI 18. 10 e 80.1).
Os querubins contemplados aqui
por João, fazem a “Guarda Celeste” do trono de Deus (Ap 4. 6, 9; 5. 13- 14). O
comentarista Ridout é de opinião que estas quatro criaturas, correspondem à
significação dos quatro Evangelhos e a sua apresentação de Cristo. “Assim em
Mateus, o primeiro Evangelho, Cristo é ali representado como o poderoso “Leão
da tribo de Judá” em razão de ser este animal, o mais nobre da fauna (cf. Pv
30. 30). Em Marcos, o segundo Evangelho, Cristo é visto ai como o “paciente
novilho”, representando a força divina e sua paciência no holocausto da cruz
(Lv capítulo 1).
Em Lucas, o terceiro Evangelho,
Cristo é contemplado como “O Filho do homem”: sua humanidade representada nele
por mais de quarenta vezes, servindo a vontade divina e a necessidade humana
(Mt 20. 28,e Lc 22. 27). Em João, o quarto Evangelho, Cristo é representado
como “uma Águia voando”, em razão de ser esta ave a mais nobre das aves do céu
e Jesus o mais nobre dos filhos de Deus (cf. Hb 1. 4 ss).” Cada uma dessas
criaturas* tem seis asas, e estão cheias de olhos “por diante e por detrás”, o
que sugere aventurosa energia, serviço obediente, direção inteligente e
elevadas aspirações e plenitude.
7.
“E o primeiro animal * era semelhante a um leão, e o segundo * animal
semelhante a um bezerro, e tinha o terceiro * animal o rosto como de homem, e o
quarto * animal era semelhante a uma águia voando”.
1.
“...o primeiro... o segundo... o terceiro... e o quarto”. O leitor deve
observar o comentário feito no sexto versículo deste capítulo, onde,
elaborando: uma breve, e precisa interpretação, declaramos que os animais
descritos por Ezequiel (capítulos 1 e 10), são seres sobrenaturais que fazem a
guarda celeste do trono de Deus e ao mesmo tempo, são “figuras das coisas que
estão no céu” (Hb 8. 5 e 9. 23). Semelhante- mente, podem perfeitamente
representar “coisas” na terra. “A águia é exaltada entre as aves; o homem é
exaltado entre as criaturas em termos gerais; o novilho é exaltado entre os
animais domésticos; o leão é exaltado entre os animais selvagens. Todos eles,
têm recebido domínio, e lhes tem sido proporcionado grandeza; não obstante,
acham-se “abaixo da carruagem”: (do Santo). Cf. SI 18. 10. Há ainda outra
possível interpretação:
1. “Parece que esses quatro
animais representam a perfeição na terra, tanto antes de entrar o pecado, como
depois da criação estar livre da maldição, por causa do pecado, como
representantes da criação os quatro dirigem os anciãos e os anjos e a toda a
criação em adorar ao Criador, O Apóstolo João viu os quatro, com os rostos
cobertos, adorando a Deus”.
8.
“E os quatro animais tinham, cada um de per si, seis asas, e ao redor, e por
dentro, estavam cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite,
dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, que era, e que
é, e que há de vir*’.
1.
“...estavam cheios de olhos”. O presente versículo descreve o “seres
viventes” como tendo a inteireza da inteligência; são “cheios de olhos por
diante e por detrás” (4. 6). Podem tanto ver para frente como para trás. O
passado e o futuro estão abertos a eles como um livro. Visão interna (olhos por
dentro), visão externa (olhos por diante) também lhes pertence. Em Ezequiel (1.
15), fala-se de roda junto aos querubins e, no verso 18, estas rodas estavam
“cheias de olhos ao redor”. Os olhos agora são transferidos para os próprios
seres viventes, ao invés de estarem associados às rodas que os acompanhavam.
Alguns estudiosos afirmam que os “olhos” representam o governo onisciente da
providência divina, iminente na vida do mundo. A absoluta visão circundante
corresponde uma infinita visão interior, que expressa a concentração
contemplativa, a unidade da onisciência divina. Vigilância!
1.
E não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo,
Santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso. Existe uma característica dupla nestes
seres viventes: eles têm a função de querubins (guardas celestiais). Cf. Gn 3.
24; ao mesmo tempo a função de serafins (componentes do coro celestial). Cf. Is
6. 1-6. Os seres viventes, aqui, têm um só objetivo: encher todo o céu e toda a
terra do louvor do Senhor.
9.
“E, quando os animais davam glória, e honra, e ações de graças ao que estava
assentado sobre o trono, ao que vive para todo o sempre”.
1.
“...Ao que vive para todo o sempre”. Sobre a vida de Deus, temos muito que
falar. Deus é sempre o Deus da “Imortalidade” (cf. 1 Tm 6. 16). No testemunho
de Jesus Cristo, Deus é aquele que “...tem a vida em si mesmo” (Jo 5. 26a).
Isso, naturalmente, significa que as causas de Sua existência estão NELE mesmo.
Nele é a vida inerente. De modo oposto à vida.das criaturas. Sua vida não vem
de fonte externa. Ele tinha “vida em SI mesmo” quando não havia vida em parte
alguma fora dele. Quando Ele interpõe Seu juramento, em confirmação à Sua
palavra, jura por SI mesmo dizendo: “Vivo Eu!”. Permitindo que seu juramento
repouse sobre a base imutável de Sua auto- existência.
O Deus perenemente vivo é a fonte
originária de todo o bem-estar, o que significa que esse próprio bem-estar deve
ser eterno. Deus nunca poderá sofrer dano ou declínio com a passagem * do
tempo!
10.
“Os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado * sobre
o trono, e adoravam o que vive para todo o sempre; e lançavam as suas coroas
diante do trono, dizendo”.
1.
“...prostravam-se diante do que estava assentado”. Enquanto os
seres viventes “davam glória, e honra, e ações de graças... ao que vive para
todo o sempre. Os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava
assentado sobre o trono...”, e num gesto de amor, de a SI mesmos se humilharem
e exaltarem a Deus, “lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo: “Digno
és Senhor, de receber glória, e honra, e poder”.
Aqui teve inicio o grande culto
da criação; tendo início no “interior do céu” (cf. 5. 13), a adoração contínua,
porém, já com a participação de “toda a criatura que está no céu, e na terra, e
debaixo * da terra, e que está no mar”. o grande culto da criaçã& No
versículo 14 do capítulo 5, “os quatro animais diziam: Amém; não para que o culto
terminasse, e sim para a continuidade do mesmo.
II. “Digno és, Senhor, de receber
glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade
são e foram criadas”.
1.
“...tu criaste todas as coisas”. O presente versículo mostra-nós a pessoa
de Deus como o Criador supremo de “Todas as Coisas”. Isso, inclui “céus e
terra” (o espiritual com os seus anjos); o material (com a raça humana). Num
contexto * geral, isso é depreendido no primeiro capítulo da Bíblia. Deus
criou: “Céus e terra” (Gn 1. 1; 2. 1 e Ne 9. 6); o céu e a terra com todo o seu
exército é mencionado em Gn 2. 1 — Exército aqui, é “tsebaam”, de “tsaba”, significa:
Avançar como soldado andar juntos para serviço, o termo é usado acerca dos
anjos (cf. 1 Rs 22. 19; 2 Cr 18. 18; SI 148. 2; Lc 2. 13); refere-se também aos
corpos celestes e aos poderes do céu (cf. Is 34. 4; Dn 8. 10; Mt 24. 29). O
vocábulo Senhor e Deus tinha um sentido muito especial para os crentes de
então, quando Domiciano, arrogantemente, ostentava o título oficial de “senhor
e Deus”.
Mas o texto em foco diz que só um
é Senhor e Deus dos crentes; só Um é digno de “receber glória, e honra, e
poder; porque todas as coisas... foram por Ele criadas”. O “poder” e “vontade”
de Deus foram a causa da existência de todas as coisas: Deus é também Criador.
O homem pode fazer alguma coisa com material já existente. Porém Deus cria tudo
do Nada!
Elaboração pelo:- Evangelista
Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de
Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Livro:- Apocalipse versículo por
versículo – Severino Pedro da Silva
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