sexta-feira, 23 de março de 2012

Apocalipse Considerações Preliminares


Considerações Preliminares

O Apocalipse é o último livro do NT e singular entre os demais. Ele é, ao mesmo tempo, uma revelação do futuro (1.1,19), uma profecia (1.3; 22.7,10.18.19) e um conjunto de sete cartas (1.4,11; 2.1—3.22). (“Apocalipse” deriva da palavra grega apokalupsis, traduzida por “revelação” em 1.1). O livro é uma revelação divina quanto à natureza do seu conteúdo, uma profecia quanto à sua mensagem e urna epístola quanto aos seus destinatários.

Cinco fatos importantes no tocante ao contexto deste livro são revelados no capítulo 1. (1) É a “revelação de Jesus Cristo” (1.1). (2) Essa revelação foi comunicada ao autor, de modo sobrenatural, por Cristo glorificado, por anjos e visões que ele teve (1,1,10-18). (3) A comunicação foi concedida ao servo de Deus, João (1.1,4,9; cf. 22.8). (4) João teve as visões e recebeu a mensagem apocalíptica quando exilado na ilha de Patmos (80 quilômetros a sudoeste de Efeso), por causa da Palavra de Deus e do testemunho do próprio João (1.9). (5) Os destinatários iniciais foram sete igrejas da província da Asia (1.4,11).

As evidências históricas e internas do livro indicam o apóstolo João como o seu autor. Irineu verifica que Policarpo (Irineu conheceu a Policarpo, e este conheceu o apóstolo João) referiu-se a João, escrevendo o Apocalipse perto do fim do reinado de Domiciano, imperador romano (8 1-96 d.C.).

O livro retrata as circunstâncias históricas do reinado de Domiciano, o qual exigiu que todos os seus súditos lhe chamassem de “Senhor e Deus”. Sem dúvida, o decreto do imperador originou um confronto entre os que se dispunham a adorá-lo e os crentes fiéis que confessavam que somente Jesus era “Senhor e Deus”. Destarte, o livro foi escrito num perío- do em que os crentes enfrentavam intensa perseguição por causa d seu testemunho. A tribulação aparece através do contexto do livro de Apocalipse (1.19; 2.10,13; 6.9-11; 7.14-17; 11.7; 12.11,17; 17.6; 18.24; 19.2; 20.4).

Propósito

O propósito deste livro é tríplice. (1) As cartas às sete igrejas de Apocalipse revelam que ocorriam graves desvios do padrão bíblico da verdade e retidão segundo o NT em muitas igrejas da Asia. João escreve, da parte de Cristo, para repreender a transigência e pecado dessas igrejas, e chamá-las ao arrependimento e ao seu primeiro amor. (2) Tendo em vista a perseguição resultante do endeusamento do imperador, o livro de Apocalipse foi enviado às igrejas para fortalecer-lhes a fé, firmeza e fidelidade a Jesus Cristo, e encorajar os membros a serem vencedores e permanecerem fiéis até à morte. (3) Finalmente, foi escrito para dar aos crentes de todas as eras a perspectiva divina do férreo conflito entre eles e as forças conjuntas de Satanás, nesta revelação do desfecho da história. O Apocalipse revela principalmente os eventos dos últimos sete anos antes da segunda vinda de Cristo, quando, então, Deus intervirá neste mundo e vindicará seus santos, derramando sua ira sobre o reino de Satanás. A isto seguir-se-á a segunda vinda de Cristo.

Visão Panorâmica

A mensagem profética deste livro flui através de figuras e simbolismos dramáticos, retratando a consumação de toda a mensagem bíblica da redenção. Coloca em destaque o papel de Cristo como o Cordeiro digno, que foi morto (cap. 5) e virá com ira para julgar o mundo e expurgá-lo da iniqüidade (6—19). As outras figuras simbólicas salientes deste livro são: o dragão (Satanás), a besta que sai do mar (o Anticristo), a besta que sai da terra (o Falso Profeta) e a Grande Babilônia (o centro do engano e poderio satânicos).

Depois do prólogo (1.1-8), há três seções principais no livro.

Na primeira seção (1.9—3.22). João tem uma grandiosa visão de Cristo glorificado, no meio de castiçais (igrejas), o qual comissiona João a escrever às sete igrejas da Asia Menor (1.11,19). Cada carta (2.l—3.22, contém urna descrição simbólica do Senhor exaltado, visto na visão inicial, uma descrição do estado da igreja, elogio ou repreensão, ou ambos, advertência a cinco igrejas, exortação para ouvir e arrepender-se e uma promessa a todos os vencedores. A ênfase no número sete nessa seção indica que as cartas representam uma mensagem plena e coletiva do Senhor glorificado, à igreja em qualquer lugar e em todos os tempos.

A segunda seção principal do livro (4.1—11.19) contém visões de coisas do céu e da terra, concernentes ao Cordeiro e ao seu papel no desfecho da história. Começa com urna visão da majestosa corte celestial, onde Deus está sentado, entronizado em santidade e na luz inacessível (cap. 4). O capítulo 5 focaliza um rolo selado, sobre a consumação escatológica, à destra de Deus, e a seguir, na do Cordeiro, sendo que somente este é digno de romper os selos e revelar-lhe o conteúdo. A abertura dos seis primeiros selos (cap. 6) dá continuação à visão iniciada nos capítulos 4—5, só que agora o cenário se transfere para a terra.

Os cinco primeiros selos revelam os juízos divinos dos últimos dias, conducente ao desfecho do fim. O sexto selo anuncia a ira vindoura de Deus. O primeiro evento pare ntético do livro ocorre no capítulo 7, e trata dos 144.000 selados no limiar da grande tribulação (7.1-8) e da recompensa dos santos no céu, depois desta (7.9-17). Os capítulos 8—9 descrevem a abertura do sétimo selo, revelando outra série de julgamentos, i.e., as sete trombetas.

O segundo evento parentético ocorre entre a sexta e a última trombetas. Esse evento inclui o próprio João, um livro pequeno (10.1-11) e duas poderosas testemunhas proféticas, na grande cidade (11.1-14). Finalmente, a sétima trombeta (11.15-19) propicia uma visão antecipada da consumação (v. 15) e, como prelúdio, às cenas finais do mistério de Deus, agora a revelar-se (12—22).

A terceira seção principal (12.1—22.5) apresenta um quadro detalhado do grande conflito dos tempos do fim, entre Deus e Satanás. Os capítulos 12 e 13 revelam que os santos na terra enfrentarão uma conspiração terrível da tríade do mal, a saber: (1) o dragão (cap. 12), (2) a besta que sai do mar (13.1-10) e (3) a besta que sai da terra (13.11-18). Os capítulos 14 e 15 são visões para reafirmar aos santos a tribulação, a certeza de que a justiça prevalecerá, pois Deus está prestes a derramar a sua ira final sobre o povo do Anticristo.
A revelação detalhada da ira de Deus é vista na série dos sete juízos das salvas ou taças (cap. 16), no julgamento da grande prostituta (cap. 17) e na queda da Grande Babilônia (cap. 18). A essa altura, grande regozijo irrompe no céu, ao ser anunciada a ceia das bodas do Cordeiro e sua noiva (19.1-10).

Contudo, o final ainda está para acontecer. João vê o céu aberto e Cristo saindo, montado num cavalo branco, como Rei dos reis e Senhor dos senhores, para derrotar a besta e seus aliados (19.11-21). A derrota final de Satanás é precedida da sua prisão por mil anos (20.1-6). Durante esse período, Cristo reina com os seus santos (20.4).

A seguir, Satanás é solto por um breve período (20.7-9) e, logo após, lançado no “lago de fogo” por toda a eternidade (20.10). A profecia apocalíptica termina com a cena do julgamento do grande trono branco (20.11- 15), a justa condenação dos ímpios (20.14-15; 21.8) e os novos céus e nova terra como a destinação dos santos (21.1—22.5). O livro termina com advertências para que o homem atenda à sua mensagem e obtenha a vida eterna (22.6,7,10-17).

Características Especiais

Oito características principais acham-se no Apocalipse. (1) Ele é o único livro do NT de profecia apocalíptica. (2) Como livro apocalíptico, sua mensagem é expressa através de símbolos de realidades, a respeito de tempos e eventos futuros; ao mesmo tempo, essa mensagem encerra certo enigma ou mistério. (3) Há números com abundância no Apocalipse, inclusive 2, 3, 3 1/2, 4, 5, 6, 7, 10, 12, 24, 42, 144, 666, 1000, 1260, 7000, 12.000, 144.000, 100.000.000 e 200.000.000.

O livro destaca em especial o número sete, que ocorre 54 vezes, simbolizando plenitude total ou plena realização. (4) As visões se destacam no livro, e o cenário freqüentemente muda da terra para o céu e daí para a terra. (5) Os anjos estão nitidamente associados às visões, decretos e ordens celestiais. (6) E um livro que revela ser demoníaca a atitude de qualquer governante terreno reivindicar divindade para si, e Jesus Cristo como o Senhor exaltado e o Soberano dos reis da terra (1.5; 19.16). (7) O livro reflete o conteúdo das profecias do AT, sem citá-las formalmente.

Interpretação

Apocalipse é o livro de interpretação mais difícil do NT. Os leitores originais provavelmente entenderam a sua mensagem sem muita dificuldade, porém, nos séculos subseqüentes surgiram quatro escolas principais de interpretação deste livro.

(1) A escola de interpretação preterista considera que o livro e as suas profecias cumpriram-se no contexto histórico original do império romano, a não ser os capítulos 19—22, que aguardam cumprimento.

(2) A interpretação historicista entende que o Apocalipse é uma previsão profética do quadro total da história da igreja, partindo de João até o fim da presente era.
(3) A interpretação idealista considera o simbolismo do livro como a expressão de certos princípios espirituais, sem limitação de tempo, concernente ao bem e ao mal, através da história, sem prender-se a eventos históricos.
(4) A interpretação futurista considera os capítulos 4—22 como profecias de eventos da história, que ocorrerão somente no fim desta era. Esta Bíblia de estudo interpreta o Apocalipse do ponto de vista futurista.


Elaboração pelo:- Evangelista Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus Ministério Belém Em Dourados – MS

Bíblia de Estudo Pentecostal

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