Considerações
Preliminares
O Apocalipse é o último livro do
NT e singular entre os demais. Ele é, ao mesmo tempo, uma revelação do futuro
(1.1,19), uma profecia (1.3; 22.7,10.18.19) e um conjunto de sete cartas
(1.4,11; 2.1—3.22). (“Apocalipse” deriva da palavra grega apokalupsis,
traduzida por “revelação” em 1.1). O livro é uma revelação divina quanto à
natureza do seu conteúdo, uma profecia quanto à sua mensagem e urna epístola
quanto aos seus destinatários.
Cinco fatos importantes no
tocante ao contexto deste livro são revelados no capítulo 1. (1) É a “revelação
de Jesus Cristo” (1.1). (2) Essa revelação foi comunicada ao autor, de modo
sobrenatural, por Cristo glorificado, por anjos e visões que ele teve
(1,1,10-18). (3) A comunicação foi concedida ao servo de Deus, João (1.1,4,9;
cf. 22.8). (4) João teve as visões e recebeu a mensagem apocalíptica quando
exilado na ilha de Patmos (80 quilômetros a sudoeste de Efeso), por causa da
Palavra de Deus e do testemunho do próprio João (1.9). (5) Os destinatários
iniciais foram sete igrejas da província da Asia (1.4,11).
As evidências históricas e
internas do livro indicam o apóstolo João como o seu autor. Irineu verifica que
Policarpo (Irineu conheceu a Policarpo, e este conheceu o apóstolo João)
referiu-se a João, escrevendo o Apocalipse perto do fim do reinado de
Domiciano, imperador romano (8 1-96 d.C.).
O livro retrata as circunstâncias
históricas do reinado de Domiciano, o qual exigiu que todos os seus súditos lhe
chamassem de “Senhor e Deus”. Sem dúvida, o decreto do imperador originou um
confronto entre os que se dispunham a adorá-lo e os crentes fiéis que
confessavam que somente Jesus era “Senhor e Deus”. Destarte, o livro foi
escrito num perío- do em que os crentes enfrentavam intensa perseguição por causa
d seu testemunho. A tribulação aparece através do contexto do livro de
Apocalipse (1.19; 2.10,13; 6.9-11; 7.14-17; 11.7; 12.11,17; 17.6; 18.24; 19.2;
20.4).
Propósito
O propósito deste livro é
tríplice. (1) As cartas às sete igrejas de Apocalipse revelam que ocorriam
graves desvios do padrão bíblico da verdade e retidão segundo o NT em muitas
igrejas da Asia. João escreve, da parte de Cristo, para repreender a
transigência e pecado dessas igrejas, e chamá-las ao arrependimento e ao seu
primeiro amor. (2) Tendo em vista a perseguição resultante do endeusamento do
imperador, o livro de Apocalipse foi enviado às igrejas para fortalecer-lhes a
fé, firmeza e fidelidade a Jesus Cristo, e encorajar os membros a serem
vencedores e permanecerem fiéis até à morte. (3) Finalmente, foi escrito para
dar aos crentes de todas as eras a perspectiva divina do férreo conflito entre
eles e as forças conjuntas de Satanás, nesta revelação do desfecho da história.
O Apocalipse revela principalmente os eventos dos últimos sete anos antes da
segunda vinda de Cristo, quando, então, Deus intervirá neste mundo e vindicará
seus santos, derramando sua ira sobre o reino de Satanás. A isto seguir-se-á a
segunda vinda de Cristo.
Visão Panorâmica
A mensagem profética deste livro
flui através de figuras e simbolismos dramáticos, retratando a consumação de
toda a mensagem bíblica da redenção. Coloca em destaque o papel de Cristo como
o Cordeiro digno, que foi morto (cap. 5) e virá com ira para julgar o mundo e
expurgá-lo da iniqüidade (6—19). As outras figuras simbólicas salientes deste
livro são: o dragão (Satanás), a besta que sai do mar (o Anticristo), a besta
que sai da terra (o Falso Profeta) e a Grande Babilônia (o centro do engano e
poderio satânicos).
Depois do prólogo (1.1-8), há
três seções principais no livro.
Na
primeira seção (1.9—3.22). João tem uma grandiosa visão de Cristo glorificado,
no meio de castiçais (igrejas), o qual comissiona João a escrever às sete
igrejas da Asia Menor (1.11,19). Cada carta (2.l—3.22, contém urna descrição
simbólica do Senhor exaltado, visto na visão inicial, uma descrição do estado
da igreja, elogio ou repreensão, ou ambos, advertência a cinco igrejas,
exortação para ouvir e arrepender-se e uma promessa a todos os vencedores. A
ênfase no número sete nessa seção indica que as cartas representam uma mensagem
plena e coletiva do Senhor glorificado, à igreja em qualquer lugar e em todos
os tempos.
A
segunda seção principal do livro (4.1—11.19) contém visões de coisas do céu e
da terra, concernentes ao Cordeiro e ao seu papel no desfecho da história.
Começa com urna visão da majestosa corte celestial, onde Deus está sentado,
entronizado em santidade e na luz inacessível (cap. 4). O capítulo 5 focaliza
um rolo selado, sobre a consumação escatológica, à destra de Deus, e a seguir,
na do Cordeiro, sendo que somente este é digno de romper os selos e revelar-lhe
o conteúdo. A abertura dos seis primeiros selos (cap. 6) dá continuação à visão
iniciada nos capítulos 4—5, só que agora o cenário se transfere para a terra.
Os cinco primeiros selos revelam
os juízos divinos dos últimos dias, conducente ao desfecho do fim. O sexto selo
anuncia a ira vindoura de Deus. O primeiro evento pare ntético do livro ocorre
no capítulo 7, e trata dos 144.000 selados no limiar da grande tribulação
(7.1-8) e da recompensa dos santos no céu, depois desta (7.9-17). Os capítulos
8—9 descrevem a abertura do sétimo selo, revelando outra série de julgamentos,
i.e., as sete trombetas.
O segundo evento parentético
ocorre entre a sexta e a última trombetas. Esse evento inclui o próprio João,
um livro pequeno (10.1-11) e duas poderosas testemunhas proféticas, na grande
cidade (11.1-14). Finalmente, a sétima trombeta (11.15-19) propicia uma visão
antecipada da consumação (v. 15) e, como prelúdio, às cenas finais do mistério
de Deus, agora a revelar-se (12—22).
A
terceira seção principal (12.1—22.5) apresenta um quadro detalhado do grande
conflito dos tempos do fim, entre Deus e Satanás. Os capítulos 12 e 13 revelam
que os santos na terra enfrentarão uma conspiração terrível da tríade do mal, a
saber: (1) o dragão (cap. 12), (2) a besta que sai do mar (13.1-10) e (3) a
besta que sai da terra (13.11-18). Os capítulos 14 e 15 são visões para
reafirmar aos santos a tribulação, a certeza de que a justiça prevalecerá, pois
Deus está prestes a derramar a sua ira final sobre o povo do Anticristo.
A revelação detalhada da ira de
Deus é vista na série dos sete juízos das salvas ou taças (cap. 16), no
julgamento da grande prostituta (cap. 17) e na queda da Grande Babilônia (cap.
18). A essa altura, grande regozijo irrompe no céu, ao ser anunciada a ceia das
bodas do Cordeiro e sua noiva (19.1-10).
Contudo, o final ainda está para
acontecer. João vê o céu aberto e Cristo saindo, montado num cavalo branco,
como Rei dos reis e Senhor dos senhores, para derrotar a besta e seus aliados
(19.11-21). A derrota final de Satanás é precedida da sua prisão por mil anos
(20.1-6). Durante esse período, Cristo reina com os seus santos (20.4).
A seguir, Satanás é solto por um
breve período (20.7-9) e, logo após, lançado no “lago de fogo” por toda a eternidade
(20.10). A profecia apocalíptica termina com a cena do julgamento do grande
trono branco (20.11- 15), a justa condenação dos ímpios (20.14-15; 21.8) e os
novos céus e nova terra como a destinação dos santos (21.1—22.5). O livro
termina com advertências para que o homem atenda à sua mensagem e obtenha a
vida eterna (22.6,7,10-17).
Características
Especiais
Oito características principais
acham-se no Apocalipse. (1) Ele é o único livro do NT de profecia apocalíptica.
(2) Como livro apocalíptico, sua mensagem é expressa através de símbolos de
realidades, a respeito de tempos e eventos futuros; ao mesmo tempo, essa
mensagem encerra certo enigma ou mistério. (3) Há números com abundância no
Apocalipse, inclusive 2, 3, 3 1/2, 4, 5, 6, 7, 10, 12, 24, 42, 144, 666, 1000,
1260, 7000, 12.000, 144.000, 100.000.000 e 200.000.000.
O livro destaca em especial o
número sete, que ocorre 54 vezes, simbolizando plenitude total ou plena
realização. (4) As visões se destacam no livro, e o cenário freqüentemente muda
da terra para o céu e daí para a terra. (5) Os anjos estão nitidamente
associados às visões, decretos e ordens celestiais. (6) E um livro que revela
ser demoníaca a atitude de qualquer governante terreno reivindicar divindade
para si, e Jesus Cristo como o Senhor exaltado e o Soberano dos reis da terra
(1.5; 19.16). (7) O livro reflete o conteúdo das profecias do AT, sem citá-las
formalmente.
Interpretação
Apocalipse é o livro de
interpretação mais difícil do NT. Os leitores originais provavelmente
entenderam a sua mensagem sem muita dificuldade, porém, nos séculos
subseqüentes surgiram quatro escolas principais de interpretação deste livro.
(1) A escola de interpretação
preterista considera que o livro e as suas profecias cumpriram-se no contexto
histórico original do império romano, a não ser os capítulos 19—22, que
aguardam cumprimento.
(2) A interpretação historicista
entende que o Apocalipse é uma previsão profética do quadro total da história
da igreja, partindo de João até o fim da presente era.
(3) A interpretação idealista
considera o simbolismo do livro como a expressão de certos princípios
espirituais, sem limitação de tempo, concernente ao bem e ao mal, através da
história, sem prender-se a eventos históricos.
(4) A interpretação futurista
considera os capítulos 4—22 como profecias de eventos da história, que
ocorrerão somente no fim desta era. Esta Bíblia de estudo interpreta o
Apocalipse do ponto de vista futurista.
Elaboração pelo:- Evangelista Isaias
Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Ministério Belém Em Dourados – MS
Bíblia de Estudo Pentecostal
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