Capítulo XXI
1. “E VI um novo céu, e uma nova terra. Porque já o
primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe”.
1. “...um novo céu, e uma nova terra”. No princípio,
portanto, Deus criou os céus e a terra. No texto original hebraico a palavra
para céus é (“shamayim”). A terminação “im” indica o plural. Isso pretende
mostrar que há mais do que somente um céu.
1. Na Bíblia
distingue-se pelo menos três céus: o céu inferior (auronos), o céu
intermediário (mesoranios) e o céu superior (eporanios).
(a) Céu inferior. Por céu inferior entendemos o
céu atmosférico. Isto é o (“alto”): onde sobrevoam as aves e os aviões, passam
as nuvens, desce a chuva, se processam os trovões e relâmpagos. Deus o chamou
de “...a face da expansão dos céus”. Gn 1. 20 e Jesus, de “...extremidade
inferior do céu”. Lc 17. 24().
(b) Céu intermediário. Por céu
intermediário entendemos o céu estelar ou planetário, chamado também o céu
astronômico. A Bíblia o chama de a (“altura”):
(c) Céu superior. Esse é chamado de as (“alturas”).
Sl 93. 4; At 1. 9; Hb 1. 3. E declarado em 2 Co 12. 2, como sendo “...o
terceiro céu”, o “Paraíso”; podemos chamá-lo de “o espiritual”, e de “céu dos
céus” por estar acima de todos (Ne 9. 6; Jo 3. 13). É o lugar onde habita Deus
(Sl 123. 1), Cristo (Mc 16. 19), o Espírito Santo em seu retorno (Ap 14. 13),
os anjos (Mt 22. 30; Jd v. 6); será também a morada dos salvos em Cristo (Jo
14. 3).
2. Deus criou os céus pelo supremo poder da palavra (1 Cr 16. 26;
Jó 26. 13; Sl 8. 3; 33. 6; 96. 5; 136. 5; Pv 8. 27). Os céus incluindo a terra
(Êx 20. 11; 31. 17; Ne 9. 6; 5189. 11, 12; 102. 25; Salmo 115; Salmo 121. 2;
124. 8; 134. 3; 146. 6; Pv 3. 19; Is 37. 16; 42. 5; 44. 18; 51. 13, 16; Jr 10. 12;32.17;51.15;
Zc12.1; At4.24; 14,15;Ef3.9; 2 Pd3.5; Ap 4.11;10. 6; 13. 7). Deus os criou em
seis dias (Ëx 20. 11; 31. 17).
São sustentados pelo poder da sua palavra (Sl 33. 9; 148.
5; Hb 1. 3; 2 Pd 3. 5). Uma vez que o (“Céu Superior”), é eterno, não é, pois
sujeito a nenhuma mudança. “...um novo céu, e uma nova terra” implica a
transformação dos (“céus atmosféricos e astronômicos”); eles passarão com
grande estrondo no dia do juízo (Is 51. 6; Mt 24. 33; Mc 13. 31; Lc 21. 33; Hb
1. 10, 11; 2 Pd 3. 7, 10; Ap 6. 16 (1 estágio); Ap 20. 11; 21. 1:
consumação.
3. E o mar já não existe. Uma omissão
conspícua da nova criação de Deus é a de oceano: “...e o mar já não existe”
(21. 1). Como o coração de João deve ter sido confortado por tal revelação,
pois na ilha de Patmos o Apóstolo estava separado pelo revolto mar! No céu,
entretanto, nada nos separará dos nossos queridos(364).
2. “E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém,
que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu
marido”.
1. “...a nova Jerusalém”. Esta 1inda
cidade, vista por João, corresponde à mesma* do versículo 10, deste capítulo;
porém, em relação ao tempo, uma visão está distante da outra cerca de mil anos.
“Este trecho ocupa-nos outra vez com o período milenial. O que foi dito em 20.
5-6, é agora revelado plenamente, e temos uma descrição da noiva, a esposa do
Cordeiro, na sua glória milenial, em relação a Israel e às nações* sobre a
terra”
1. A cidade em
foco de gigantescas dimensões tendo o formato quadrangular, vista no versículo
10; descerá para a terra no início do Milênio e, ficará (“acima”) da Jerusalém
terrestre durante mil anos e, a iluminará (v. 23). Iluminada pela glória da
Jerusalém celeste a Jerusalém terrestre se transformará também na cidade casada
como descreve o profeta Isaías: “Nunca mais te chamarão: desamparada, nem a tua
terra se denominará jamais: Assolada; mas chamar-te-ão: Hefzibá; e à tua terra:
Beulá...” (Is 62. 4a). Aqui o profeta descreve a glória de Sião durante o
Milênio. “A cidade (“desamparada”), será chamada (‘Hephzibat”) meu regozijo
está nela”, e a terra desolada, (“Beulá”), ou casada. E o Senhor habitará em
Sião e se regozijará sobre ela como o noivo se regozija da noiva.
3. “E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis
aqui o tabernáculo de Deu. com os homens, pois com eles habitará, e eles serão
o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus”.
1. “...o tabernáculo de Deus”. O trecho de
Ezequiel 37. 27, mostra esse tempo futuro: “o meu tabernáculo estará com eles,
e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo”. No presente texto, é-nos dito
com notável franque7a que a habitação de Deus está com os homens. A expressão,
“...grande voz”, presente em cerca de 18 versículos deste livro, e tão nossa
conhecida, aparece agora, pela última vez, para anunciar o tabernáculo de Deus
com os homens. O tabernáculo, como sabemos, era a tenda em que permanecia a
glória de Deus, e onde, no deserto, o POVO se reunia para, através do
sacrifícios e sacerdotes, aproximar-se de seu Criador. Agora, esta cidade será
eterno tabernáculo, pois nela Deus mesmo estará com os homens. E a fim de que
não haja engano, as palavras são repetidas: “O mesmo Deus estará com eles”. E
então o pensamento é expressivo e um verdadeiro clímax de esperança: “...eles
serão o seu povo”.
1. O antigo tabernáculo tinha o “shekinah” de Deus ou
resplendor divino; na nova cidade isso sucederá supremamente. O próprio
tabernáculo fora Construído de modo a permitir certa manifestação de Deus entre
os homens. Aqui, porém, agora, tudo que no passado era sombra, agora é
realidade.
4. “E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e
não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras
coisas são passadas”.
1. “...toda a lágrima”. No capítulo 7.
17 deste livro a expressão “...toda a lágrima” é atribuída aos mártires da
Grande Tribulação; a do presente texto, porém, a todos os santos de todos os
tempos. Agora, como nos versículos anteriores, essa cidade será o eterno
tabernáculo, pois nele Deus mesmo estará com seus filhos e nela não haverá*
lágrimas, nem morte, nem luto, nem pranto, nem dor. A lágrima é (“silenciosa”):
o pranto não. Na dor ou sofrimento intenso sobrevém o pranto. A lágrima é antes
expressão da dor surda, intensa, íntima.
Agora tudo isso
é (“pretérito”), diz o texto em foco: “...as primeiras coisas são passadas”.
Hough observa que as lágrimas acompanham todos os atos dos homens. Elas são
contundentes em três fases principais da vida humana: Ao nascer; no viver; e na
morte. As lágrimas afloram- nos aos olhos pelas tristezas, pelos ideais
perdidos ou frustrados, pelos defeitos e pelas vitórias que foram obtidas ou
perdidas. Porém, na nova terra, a última lágrima já foi derramada, e toda
tristeza será substituída por uma alegria eterna.
5. “E o que estava assentado sobre o trono disse:
Eis que faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve; porque estas palavras
são verdadeiras e fiéis”.
1. “...Eis que faço novas todas as coisas”, O versículo em
foco não diz quem está assentado no trono. O Pai ou o Filho. Sabemos que no
estado eterno o trono será de Deus e do Cordeiro (22. 1), porque o reino é de
Cristo e de Deus (Ef 5. 5).
1. A presente voz, assim, é do Criador, visto dizer: “Eis que faço
novas todas as coisas”, mas Cristo estará também ali, pois “...sem Ele nada do
que foi feito se fez”. Lemos neste livro sobre muitas coisas novas como por
exemplo: (a) “um novo nome”. 2. 17; (b) “o novo nome de Cristo”. 3. 13; (c)
“novo céu e nova terra”. 21. 1; (d) “a Nova Jerusalém”. 21. 3, 12; (e) “todas
as coisas”. 21. 5. Neste versículo há um fato extremamente singular: “Essa é a
primeira e única vez que Deus Pai se dirige a ,João, ou, de fato (à parte de 1.
8), ao menos fala. O silêncio quase inquebrantável atribuído a Deus, no
Apocalipse, corresponde à razão divina, prescindível de dizer palavras, a
dirigir as coisas mortais por meio da sua retidão e poder”.
6. “E disse-me mais: Está cumprido. Eu sou o Alfa e
o Omega, o princípio e o fim. A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da
água da vida”.
1. “...o Alfa e o Ômega”. Em Ap 1. 8,
Deus é retratado como sendo o primeiro: em sabedoria, poder, santidade,
justiça, bondade, amor, retidão e verdade. Ele é o último, porque nele existe a
potencialidade de toda a vida e bem-estar. Nele também se acha o cumprimento
desses objetivos. Nele há a consolidação de todas as promessas. Na passagem já
focalizada (1. 8) esse título (“o Alfa e o Omega”) é dado a Deus; aqui, parece
nos também assim. Em Ap 22. 13 é aplicado a Cristo. Além das grandes promessas
feitas ao vencedor, neste livro, aparece mais uma:.. .de graça lhe darei da
água da vida”, O Senhor Jesus Cristo em sua vida terrena, duas vezes declarou
ter sede: no poço de .Jacó e nos braços da cruz (Jo 4. 7; 19. 28). Em ambas as
ocasiões seus circunstantes lhes negaram, mas Jesus perdoa e exclama agora:
“...a quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da água da vida”.
7. “Quem vencer, herdará todas as coisas; e eu serei
seu Deus, e ele será meu filho”.
1. “...e ele será meu filho”. A filiação
especial é tomada de 2 Sm 7. 14 (feita a Salomão) mais tarde a Davi (Sl 89.
26), os quais próximos de- Deus por seu cargo, eram chamados filhos. Aqui no
texto em foco tem sentido mais preciso e mais vasto, pois implica a filiação
divina que Deus participa a todos, vista como ponto de chegada em sua
realização plena. A antecipação do contexto diz: “...herdará todas as coisas”;
isto é, pela adoção. Em (“Huiothesia”), nós nos tomamos “...herdeiros de Deus e
co-herdeiros com Cristo” (Rm 8. 18).
1. Adoção não é tanto uma palavra de parentesco,
como de posição.
Esse direito ou poder, só é concedido ao homem através do novo nascimento (Jo
3. 12, 13). Adoção é o ato de Deus pelo qual o crente, já filho, é colocado na
posição de adulto (Gl 4. 1 e ss), e com o direito de clamar: (“Aba”), isto é,
Pai. Mas a plena adoção, o crente espera na ressurreição, mudança e trasladação
dos santos, que é, “...a redenção de nosso corpo” (Rm 8. 23; 1 Jo 3. 2). No
Apocalipse, essa é a única instância em que a bem-aventurança eterna é expressa
em termos de “filiação”. Mas em o Novo Testamento, a idéia é comum (Hb 2. 10).
8. “Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos
abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicários, e aos mentirosos, a sua parte
será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte”.
1. “...quanto aos tímidos, etc”. O presente
versículo, fala-nos de pecadores. O pecado é a doença espiritual. A doença da
alma. Era comum, entre os gregos, usar-se “lista de vícios” como meio de
instrução, algo semelhante ao uso dos mandamentos da cultura hebraica. Nesta
secção vejamos a lista de adjetivos apresentada:
1. TIMIDOS. Acreditamos que os tais sejam os
apóstatas que por covardia, viraram as costas ao combate da fé, e que em tempo
de tribulação, abandonaram a Cristo e seu testemunho, a fim de salvarem a pele.
Negaram a Cristo na terra, e em conseqüência disso, serão negados no céu (Mt
10. 33):
2. INCRÉDULOS. São aqueles que recusaram a crer
em Cristo e aceitá-lo como fiel Salvador: são os discípulos do mundo ateu de
todos os tempos (Sl 14. 1; 53. 1):
3. ABOMINÁVEIS. São aqueles que praticam a
idolatria e seus vícios acompanhantes. A alma de Deus aborrece essas criaturas,
e por isso ficarão fora do céu; tendo por herança o lago de fogo (cf. 1 Co 6. 10):
4. HOMICIDAS. Em outras listas de vícios do Novo
Testamento, o “homicida” também é alistado como “uma figura sombria” (Gl 5.
21); especialmente nesta secção, o homicida faz parte do pecado chamado de
“obra da carne”. Em Rm 1. 29 é alistado esse pecado entre as características
dos antigos povos pagãos, cujos atos pecaminosos atraía contra eles o
julgamento de Deus. Em 1 Jo 3. 15, está ligado com o mundo religioso. E um
pensamento solene: aquele, que como Caim, “...aborrece seu irmão, é homicida”.
Deus, que é o Senhor da vida, disse: “Não ‘matarás” (Êx 20. 13):
5. FORNICÁRIOS. A fornicação é uma perversão
ligada ao campo da sexualidade, e tem sido nociva tanto a Deus como à
sociedade; as tais criaturas ficarão fora do céu por ser esse um lugar de
pureza, amor e inocência (Ef 5. 5):
6, FEITICEIROS. Em Gl 5. 20, as feitiçarias são
alistadas entre “as obras da carne”, e no capítulo 9. 21 do Apocalipse, a
palavra ocorre sempre com um duplo sentido do mal. Em Apocalipse 18. 23, ocorre
de novo o termo usado neste texto. O substantivo correspondente se acha em
Apocalipse 21. 8, que é o texto em foco: (onde os “feiticeiros” são
sentenciados a “segunda morte”); em Apocalipse 22. 15: (onde são colocados ao
lado daqueles que ficarão de “fora” dos portões da cidade celestial).
A feitiçaria
está ligada ao mundo pagão, e se entrelaça estritamente com o mundo nas trevas.
São criaturas que se tornaram* escravas dos demônios, e devem ser aprisionadas
(Êx 22. 18):
7, IDÓLATRAS. Nos dias de João; a idolatria permeava
em todos os setores do Universo; o culto ao imperador romano tinha se tornado a
mais vil forma de idolatria. Nos últimos dias, o Anticristo será assim adorado
(2 Ts 2. 4; Ap 13. 4). A idolatria também figura na lista de vícios, portanto,
é pecado (Gl 5. 20):
8. MENTIROSOS. No momento que o homem mente
está se tornando um agente do diabo que é o pai da mentira (Jo 8. 44). No campo
espiritual ou religioso, o mentiroso é aquele que nega que Jesus é o Cristo, o
Filho Eterno de Deus (1 Jo 2. 22):
9. “E veio um dos sete anjos que tinham as sete
taças cheias das últimas sete pragas, e falou comigo, dizendo: Vem,
mostrar-te-ei a esposa, a mulher do Cordeiro”.
1. “...a mulher do Cordeiro”. Uma introdução
particularmente solene (21. 9-10) prepara a verdadeira descrição da Jerusalém
celeste. Numa perspectiva literária que se reporta a Oséias (2. 19-21), a
Isaías (44. 6; 54. 1 e ss; 61. 10), a Ezequiel (capítulo 16), desenvolve-se
gradualmente a imagem da nova Jerusalém. Na presente era, a Igreja, como uma
virgem, é a noiva de Cristo (2 Co 11. 2; Ef 5. 22);
Após o
arrebatamento, ela é contemplada como sendo a “esposa, a mulher do Cordeiro”
(19. 7; 21. 9; 22. 17). É curioso observar duas expressões significativas do
anjo a João; a primeira é descrita no capítulo 17. 1 e a segunda no capítulo
21. 9: (“Vem, mostrar-te-ei..”). Embora estes versículos e o trecho sejam
paralelos em sua forma de expressão, aquilo que é mostrado* em seguida é
bastante diferente. O primeiro mostra uma “mulher poluída” (Babilônia), o
segundo uma “mulher pura” (a Igreja). Notemos o entrelaçamento entre a esposa
do Cordeiro e a cidade amada; uma é contemplada como sendo a outra, visto que
no reino eterno e na glória infinda, tudo é de Cristo e Cristo de Deus.
10. “E levou-me em espírito a uma grande e alto
monte, e mostrou- me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu”.
1. “...a santa Jerusalém”. Devemos
observar que no versículo 2, deste capítulo, essa cidade é chamada de (“nova”),
enquanto que agora no presente versículo de (“santa”). A diferença é apenas em
relação ao tempo. Tudo sugere uma cidade literal: ouro ruas, dimensões, pedras.
Ela desce do céu, pois é impossível construir uma cidade santa aqui. O
versículo 10 desta secção tem uma ação retrospectiva; enquanto que o versículo
2, prospectiva; no versículo 2, João contempla esta nova cidade já na
(“eternidade”) como capital do “Novo Céu e da Nova Terra”. Porém, o nome será o
mesmo que o Senhor lhe deu durante o Milênio: ‘Jehovah Shammah” — isto é, O
Senhor está ali (Ez 48. 35). A frase no texto e contexto: “...de Deus descia do
céu”, significa: desceu para a terra no início do Milênio (v. 10); enquanto que
no versículo 2, o significado do pensamento deve ser: desceu para a nova terra
já na Eternidade. A cidade não deve ser concebida como algo que encobria o
monte, mas como algo que descia sobre o local próximo, conforme se ver descrito
em Ez 40. 2.
11. “E tinha a glória de Deus; e a sua luz era
semelhante a uma pedra preciosissima como a pedra de jaspe, como o cristal
resplandecente”.
1. “...semelhante a uma pedra preciosissima”. A glória da
cidade do Senhor, do presente texto, é comparada a uma pedra (“preciosíssima”).
Por igual modo, a salvação que os homens recebem de Cristo não tem descrição em
palavras, não podendo ser calculado o seu valor. Isso envolve até mesmo a
obtenção de “toda a plenitude de Deus”. Isso indica também particularmente a
presença de Deus, e não somente sua manifestação ocasional como acontecia no
antigo tabernáculO montado no deserto (Éx 40. 34). Essa situação fará a glória
divina a “Shekinah”, vir habitar permanentemente com os santos, pois a frase em
si: “...o Senhor está ali” (Ez 48. 35) no seu equivalente ocorre três vezes
aqui (vs. 3, 22; 22. 3). No deserto a nuvem especial servia de sombra, aqui,
porém, só de luz. A luz da cidade, como já ficou demonstrado, compara-Se ao
ofuscar do jaspe, como cristal* resplandecente, isto é, tem uma glória como a
do Criador, cuja aparência se diz ser como a de pedra jaspe (4. 3).
12. “E tinha um grande e alto muro com doze portas,
e nas portas doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze
tribos de Israel”.
1. “...com doze portas”. O número
(“12”), com seus cognatos, ocorre mais de 400 vezes na Bíblia e é extremamente
importante. Neste livro ocorre cerca de (“20”) vezes, e permeia o governo
patriarca1, apostólico e nacional. Temos, assim: “As 12 estrelas (12. 1); os 12
anjos (21. 12); as 12 tribos (21. 12); os 12 fundamento (21. 14); os 12 frutos
(22. 2); as 12 portas (21. 12, 21); as 12 pérolas (21. 21); entre os múltiplos*
de 12 temos: 12 000 estádios (21. 16); 12000 selados (7. 5-8); 144 000 é um
número formado de 12 vezes 12 000 (14. 1); 24 anciãos e 24 tronos (4. 4; 11.
16), são também especiais”.
Todos esses
números se relacionam agora com a Jerusalém celestial, na qual se viam 12
portões como sendo 12 pérolas, 3 de cada lado do quadrado (21. 21). Em cada
portão havia a gravação do nome de uma das 12 tribos de Israel.
Em Ez 48. 31-34,
há uma descrição semelhante da nova Jerusalém durante o Reino Milenial de
Cristo.
13. “Da banda do levante tinha três portas, da banda
do norte três portas, da banda* do sul três portas, da banda do poente três
portas”.
1. “...tinha três portas, etc”. Na antiga
cidade de Jerusalém terrestre, havia também 12 portas, sendo, por assim dizer,
uma cópia da Jerusalém celestial (cf. Hb 8. 5 e 9. 23); essas portas estavam
também nas direções cardeais; ladeavam toda a cidade de Davi: a porta do gado
(Ne 3. 1); a porta do peixe (Ne 3. 3); a porta velha (Ne 3. 6); a porta do vale
(Ne 3. 13); a porta do monturo (Ne 3. 14); a porta da fonte (Ne 3. 15); a porta
da casa de Eliasibe: sumo-sacerdote (Ne 3. 20); a porta das águas (Ne 3. 36); a
porta dos cavalos (Ne 3. 28); a porta oriental (Ne 3. 29); a porta de Mifcade
(Ne 3. 31); a porta de Efraim (Ne 8. 16). “Isso pode ser comparado também ao
acampamento de Israel, onde havia o arranjo das tribos de acordo com direções
dos pontos cardeais: A leste ficava Judá, Issacar e Zebulom; Ao sul, Rúben, Si-
meão e Gade; A oeste, Efraim, Manassés e Benjamim; E ao norte, Dã, Asser e
Naftali. Números capítulo 2(6).
14. “E o muro da cidade tinha doze fundamentos, e
neles os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro”.
1. “...doze apóstolos do Cordeiro”. Devemos
observar que, cada vista da cidade se menciona o (“Cordeiro”), e a referência
sétupla a ele (21. 9, 14, 22, 23, 27; 22. 1, 3) indica que embora Cristo
entregue o reino ao Pai, não obstante partilha-o com os remidos. Os Apóstolos
do Cordeiro, mostram nisso sua importância, tanto naquilo que eram como naquilo
que faziam. Porém, Cristo Jesus é quem dá por empréstimo o seu valor àqueles, o
que significa que eram grandes somente por sua causa.
Não obstante, os
Apóstolos e profetas são grandes, tal como todos os homens o são, uma vez que
sejam transformados segundo a imagem de Cristo, já que participação da sua
natureza divina. Na nova Jerusalém o divino se combinará com o humano, da mesma
maneira que o número três, multiplicado pelo número do mundo “quatro”, resulta
em doze. Assim cumpre-se a frase: “...para o humano se tornar divino, foi
necessário que o divino torna-se humano”.
Na cidade do Deus vivo, o humano se encontra com o divino, e o divino absorve o
humano, menos a individualidade (2 Co 5. 4).
15. “E aquele que falava comigo tinha uma cena de
ouro, para medir a cidade, e as suas portas, e o seu muro”.
1. “...para medir a cidade”. O texto em
foco, mostra-nos um anjo que trazia “...uma cana de medir” para medir a
grandeza da cidade do Senhor. “Neste ponto, a cidade, ao ser medida, dá a
entender a sua total importância e consagração, em todas as suas partes,
trazida ao padrão exato das exigências de Deus; outrossim, fica entendido o
cuida do de Deus, dali por diante, cada partícula de sua Santa Cidade, para o
mal não a atinja”. a medição que exibe a beleza e as proporções da cidade, a
qual agora viverá em paz. O ouro é uma das grandes características dessa
cidade; as ruas são de ouro; isso pode representar o rico resplendor da cidade
real (cf. 1 Ra 10. 14-21; SI 77. 15); mas a riqueza daquela cidade será o amor:
Essa “medição”, sem dúvida, denota o caráter e ideal da Igreja eterna, o
conhecimento e a nomeação divina da mesma (Ez 42. 16; Ap 11. 1).
16. “E a cidade estava situada em quadrado; e o seu
comprimento era tanto como a sua largura. E mediu a cidade com a cana até doze
mil estádios: e o seu comprimento, largura e altura eram iguais”.
1. “...doze mil estádios”. Segundo os
rabinos, o estádio era uma oitava da milha* romana, ou seja, cerca de 185
metros. Portanto, doze mil estádios correspondem mais ou menos a 2.200
quilômetros. Porém, devido à ambigüidade das dimensões conforme é observada no
grego, os intérpretes diferem imensamente no que se refere ao seu formato
tencionado. “Os judeus dizem acerca de Jerusalém que, no porvir, ela será tão
grande e ampliada que atingirá os portões de Damasco, sim, até ao trono da glória”.
Cremos que realmente a nova Jerusalém terá, sem dúvida, essas dimensões em foco
nesta secção, isto é, 12.000 estádios. “Doze mil estádios multiplicados por
cento e oitenta e cinco metros, e o resultado elevado à terceira potência dará
a medida cúbica da cidade: (“dez bilhões, novecentos e quarenta e um milhão e
quarenta e oito mil quilômetros”). A grandeza da cidade assegura lugar para
todos!”.
17. “E mediu o seu muro, de cento e quarenta e
quatro côvados, conforme à medida de homem, que é a dum anjo”.
1. “...à medida de homem”. Essa expressão
(“à medida de homem, que é a dum anjo”) tem deixado alguns teólogos perplexos.
Provavelmente isso deriva do fato de que o côvado era uma medida tomada com
base na estrutura do corpo humano, o comprimento entre a ponta do dedo médio da
mão e a junção do cotovelo. Para os ocidentais, o côvado mais conhecido é o
francês: 66 centímetros, mas o côvado mencionado na Bíblia é o hebraico: 50
centímetros, aproximadamente. Apesar da cidade ter aproximadamente 555 quilômetros
de altura, o seu muro é bastante baixo (cerca de 72 metros) para nós aqui na
terra; mas, segundo se diz que, no céu ele é bastante alto. Pois é importante
lembrarmos que lá não existe ladrão! Há outras possíveis interpretações sobre a
medida do anjo, vista nesta* secção. “Supõe-5e que esse “côvado” é uma medida
angelical, não do mesmo comprimento do côvado humano, sendo antes cerca de 180
centímetros, isto é, da altura de um homem. Mas essa opinião é extremamente
improvável”. E evidente que 144 côvados, refere-se a medida estabelecida acima,
isto é, cerca de 72 metros.
18. “E a fábrica do seu muro era de jaspe, e a
cidade de ouro puro, semelhante a vidro puro”.
1. “...a cidade de ouro puro”, O livro do
Apocalipse traz muitas alusões ao “ouro”. Para o leitor curioso, esta lista é
provida: (1. 12, 13, 20; 2-1; 3. 18; 4.4; 5.8; 8.3; 9.7, 13, 20; 14. 14;
15.6,7; 17.4; 18. 12,16; 21. 15, 18, 21).
Mas a maioria
das referências aludi ao ouro de qualidade celestial. Será um ouro
transparente, de qualidade metafísica, o da cidade do Senhor! presumivelmente
de uma qualidade desconhecida na terra. Será um “ouro” celeste, de origem
divina. “O ouro é emblema da natureza divina (Jó 22. 25), difundido por todo o
mundo, por causa da fusibilidade desse metal”. Alguns intérpretes insistem aqui
em um material literal, mas a maioria deles vê o ouro como símbolo de
dignidade, valor, pureza e natureza exaltada do caráter da Noiva. Mas
essa.opinião não se coaduna com a natureza do argumento principal. Seja como
for, algo importantíssimo aparece aqui, e, evidentemente, refere-se mesmo ao
“ouro”, mas de natureza celestial.
19. “E os fundamentos do muro da cidade estavam
adornados de toda a pedra preciosa, O primeiro fundamento era jaspe; o segundo,
safira; o terceiro, calcedônia; o quarto, esmeralda”.
1. “...os fundamentos”. Notemos que as
várias pedras preciosas mencionadas são essencialmente paralelas às pedras do
peitoral do Sumo Sacerdote, conforme se depreende em Ex 28. 17 e ss; 39. 10 e
ss: Na Septuaginta (LXX) feita do hebraico para o grego essas pedras também são
vistas no adorno das vestes do rei de Tiro: literalmente, o monarca Itobal II.
Ez 28. 13.
1. No livro do
Êxodo, cada pedra recebeu a gravura do nome de uma tribo, mas no Apocalipse,
cada pedra tem o nome de um Apóstolo do Cordeiro. No versículo 14 do presente
capítulo, é dito que o “...muro da cidade tinha doze fundamentos e neles os
nomes dos doze apóstolos do Cordeiro”; é evidente que estas pedras correspondam
aos nomes desses personagens respectivamente 2 Pd 2. 5:
(a) Jaspe (Pedro). Isso pode ser confrontado com Ap
4. 3, onde o Deus supremo aparece em uma manifestação visível com a aparência
de jaspe. A simbologia aqui empregada mostra sua natureza divina; será
verdadeiramente, uma habitação apropriada para Deus, para Cristo e para seu
povo. Esse jaspe é como uma pedra luminosa, “cristalina” que refletirá por
assim dizer, a glória de Deus, tal como os remidos são a “imagem de Deus” em
Cristo. “O jaspe oriental é extremamente duro, quase indestrutível. As colunas
feitas dessa pedra têm perdurado alguns milênios, e parecem nada ter sofrido
dos estragos do tempo. O material da muralla, portanto, se reveste de igual
importância com a sua altura, valor infinito e duração infinita, qualidades que
pertencem às pedras mais preciosas:
(b) Safira (André). Podemos
comparar o presente texto, com Is 44. 11 e Ez 1. 26. Talvez se trate do (“láois
lazúli”), ao passo que a moderna safira talvez seja o jacinto’* do vigésimo
versículo. Plínio descreve a pedra aqui mencionada (sappheiros) como uma pedra
opaca e rajada com tracinhos de ouro.., procedia da Média, Pérsia e Bocara,
essa pedra era opaco azulada:
(c) Calcedônia (Tiago). Assim chamada
por proceder da Calcedônia, onde era encontrada nas minas de cobre.
Provavelmente era uma esmeralda de qualidade superior à que conhecemos
atualmente. Plínio informa-nos que ela era pequena e quebradiça e que era
furta-cor. Não possuímos maiores detalhes sobre esta pedra, calcedônia: este é
o único lugar onde essa palavra figura em todas as Escrituras:
(d) Esmeralda
(João). Essa palavra aparece em Ap 4. 3. Dentre todos os escritores antigos que
conhecemos, Heródoto foi o primeiro a mencionar essa pedra. Ele visitou um
templo dedicado a Hércules, em Tiro, adornado de esmeralda. Havia ali duas
colunas, uma de ouro puro e a outra de esmeralda, que “brilhava com grande
fulgor à noite”. A que foi vista por João na muralha da cidade celeste,
ultrapassa todas as perspectivas daquela contemplada por Heródoto, em Tiro.
20. “O quinto
sardônica; o sexto, sárdio; o sétimo, crisólito; o oitavo, berilo; o nono,
topázio; o décimo, crisópraso; o undécimo, jacinto; o duodécimo, ametista”.
I “...o quinto e
ss”. O presente versículo, é a continuidade da lista das pedras iniciada no
versículo anterior.
1. Seguiremos
aqui a ordem anterior do versículo 19 deste capítulo:
(e) Sardônica (Filipe). Era uma bela e
rara forma de õnix, assim chamada devido à sua semelhança com as veias brancas
e amarelas da unha humana. (No grego: “onuks”). Em tempos antigos, evidentemente
essa pedra era chamada “ônix”, quanto a pedra era rajada ou salpicada de
branco:
(f) Sárdio (Bartolomeu). Essa pedra
também é encontrada em Ap 4. 3. Era de cor vermelha, usualmente rebrilhante.
Sua cor vermelha se aplicava à pessoa de Cristo, como a vítima da expiação no
holocausto da cruz:
(g) Crisólito (Tomé). O termo grego
subentende uma pedra de cor dourada. Plínio a descreve como “translúcida e com
um tom dourado”. Está em foco o topázio, que é um quartzo amarelo:
(h) Berilo (Mateus). De acordo com
Plínio, essa pedra se assemelhava ao verde mar. Talvez tenha sido uma espécie
de esmeralda, embora muitos eruditos pensem que era uma espécie de pedra
inferior àquela; mas em sentido natural é esmeralda. Ez 1. 16; 10. 9; 28. 13:
(i) Topázio (Tiago, filho de Alfeu). Essa é a nossa
pedra “peridot”. Alguns estudiosos afirmam que o topázio era desconhecido dos
antigos, mas isso parece impossível. A pedra aqui mencionada era de cor
verde-amarelado Jó 38. 19; Ez 28. 13:
(J) Crisópraso
(Lebeu, apelidado Tadeu). Deriva-se do grego que significa “alho de ouro”. Essa
pedra era de cor verde-dourado e trans- lúcido, e se assemelhava a um alho, do
formato do (“mundo ocidental”). Plínio pensava que essa pedra era uma variedade
de berilo; uma pedra bastante conhecida de todos:
(1) Jacinto (Simão Cananita). Essa pedra,
segundo os antigos, era usada para lembrar um belo jovem, que segundo a
mitologia grega, foi morto durante um jogo de disco. O termo grego aqui
empregado indica a pedra preciosa que leva esse nome. Sua cor podia ser
vermelha, vermelho-escuro, azul-escuro ou púrpura:
(m) Ametista (Matias). O termo grego
significa “não estar bêbado de vinho” por causa* da noção de que a pedra
evitava a intoxicação alcoólica. Essa pedra é a quartzo ametistino, ou cristal de
rocha, que pode receber um tom purpurino, devido ao manganês ou ao ferro. E
evidente que estas doze pedras preciosas, são responsáveis por cada cor durante
um (“mês”) na cidade celestial (22. 2).
21. “E as doze portas eram doze pérolas: cada uma
das portas era uma pérola; e a praça da cidade de ouro puro, como vidro
transparente”.
1. “...as doze portas eram doze pérolas”. Há uma promessa
para a Jerusalém terrestre durante o período milenial. Em Is 54. 12, diz: “E as
tuas janelas farei cristalinas, e as tuas portas de rubins...”. A pérola é a
única jóia que a arte humana não consegue aprimorar. Instrumentos podem dar
lustro a outras pedras. Mas a perfeição da pérola deve ser algo original e
inerente a ela mesma. As bênçãos mais profundas de Deus, na Nova Jerusalém, não
poderão ser melhoradas, porquanto, participam da perfeição da própria perfeição
de Deus. Ainda sobre essa jóia tão importante, encontramos em Mt 13. 45, 46 a
parábola da pérola de grande valor que em uma interpretação comum representa a
Igreja comprada pelo “precioso sangue de Cristo”. No presente texto, a pérola
significa unidade, pureza e amor. Uma porta de pérola conforme o tamanho das
portas daquela cidade! Só Deus e mais ninguém possui tal riqueza! Mas ali tudo
é dele e para ele.
22. “E nela não vi templo, porque o seu templo é o
Senhor Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro”.
1. “...nela não vi templo”. Cada um desses
vesícu1os traz particularidades que distinguem o estado eterno do Reino
Milenial. As sombras aqui agora dão lugar à substância (cf Hb 8:5 e 9. 23). No
Milênio havia o sol e a lua que iluminava. Havia também templo, por mão humana
(Ez capítulos 40-48).
Mas na nova
Jerusalém celestial não são necessários. Em algum sentido todos os templos,
(isto é, o de Salomão. 1 Rs capítulo 6; o de Esdras. Ed capítulo 6; o de
Herodes. Jo 2. 20; esse que será construído pelos judeus (Dn 9. 27; Mt 24. 15;
2 Ts 2.
4), e o templo
escatológico de Ezequiel (usado no Milênio). Ez capítulos 40 e ss, todos são
tratados como uma só casa: (“a casa de Deus”), visto que todos professaram ser
isso). Aqui, porém, no texto em foco, não haverá mais templo: “porque o seu
templo (da cidade) é o Senhor”. A cidade inteira será então um só santo templo
de Deus. Como observa Lang(366), “A nova Jerusalém não terá lugar para abrigar
ao Senhor, porquanto ela mesma será abrigada por ele. Ele armará tabernáculo
sobre eles (7. 15). Seus habitantes habitarão sob sua luz manifesta e
abrigadora”.
23. “E a cidade não necessita de sol nem de lua,
para que nela resplandeçam, porque a glória de Deus a tem alumiado, e o
Cordeiro é a sua lâmpada”.
1. “...não necessita de sol nem de lua”. No versículo
anterior João viu que a cidade* não precisa de santuário, isso equivale a dizer
que toda a cidade é o próprio santuário, pois Deus e o Cordeiro são seu próprio
santuário (Jo 2. 21). A cidade brilha desde seu interior, não precisando de
qualquer iluminação externa. A luz de Cristo atravessa em todas as direções,
por tratar-se de ouro transparente, e nada pode impedir a difusão dos raios luminosos
de Cristo. Assim fica demonstrado que, a cidade celeste não necessita de luz,.
nem mesmo de sol. Entretanto, na cidade terrestre (na era milenial) haverá
necessidade de luz, como podemos ver em Is 30. 26, pois haverá noite e haverá
dia: fatores \da vida física (cf. Is 24. 23-30). Agora na presente era, os
remidos andam por fé, vêem as coisas celestes “...refletindo como um espelho”
(2 Co 3,. 18); mas ali tudo será alterado.
24. “E as nações andarão à sua luz; e os reis da
terra trarão para ela a sua glória e honra”.
I “...as
nações”. Cronologicamente falando, a última vez que lemos neste livro sobre
(“nações terrenas”), é em 20. 8; aqui, portanto, e, nas secções que se seguem
(21. 26 e 22. 2); trata-se de (“nações celestiais”). Por três vezes são mencionadas
as nações aqui. O Milênio aqui já é passado (obedecendo a ordem cronológica dos
acontecimentos). Ë verdade que a palavra “nação” empregada nos versículos (24,
26; 22. 2), não contenha certos elementos que lhe pertencem quando se refere às
“nações gentílicas”, mas o sentido de “nação” lhe é inerente. Assim podemos
depreender que essas nações não são mais os convertidos da era milenial, a
menos, que trate-se de uma secção (“tópica”) e não (“cronológica”). Mas, se
assim for, esses versículos estariam desloca— dos de suas posições. Essas
nações, portanto, devem ser “nações santas” já numa forma nova de vida (cf. 1
Pd 2. 9; Ap 5. 9; 7. 9-14). A menos que numa ação retroativa sejam as nações
mileniais que aqui são contempladas (Zc 14. 16). Mas dificilmente isso se
harmoniza com o argumento principal.
25. “E as suas portas não se fecharão de dia, porque
ali não haverá noite”.
1. “...suas portas não se fecharão”. O Dr. J. A.
Seiss diz aquilo que segue: “A hospitalidade da cidade santa será suprema em todos
os seus aspectos. Há uma rica e calorosa cidade de portões abertos. Ela
oferecerá o dom das portas abertas a todos os peregrinos da luz.
Onde quer que os
homens tenham visto estrelas de esperança no firmamento noturno e tenham
querido viajar para a pátria da expectação, têm pertencido à companhia daqueles
que foram acolhidos pelas portas abertas da cidade de luz. Em paz durante o
dia, as portas da cidade estarão abertas; e nem haverá noite ali”. Uma cidade é
um centro de cooperação, harmonia e governo, e, colocada sobre um monte, é bem
evidente (Mt 5. 14; Ap 21. 10). Na capital do céu, tudo será paz, pois o
oxigênio espiritual nela existente será o amor. Não haverá nela trevas, nem
pecado, nem egoísmo, nem violência, coisas que encobrem os corações dos homens
como uma noite tenebrosa. Mas, seja como for, “ali não haverá noite!”.
26. “E a ela trarão a glória e honra das nações”.
1. “...glória e honra”. Na era presente
a honra e a glória que pertencem a Deus, em muitas das vezes, têm sido
dedicadas a outras criaturas (cf. Is 42. 8; Rm 1. 19 e ss). Porém, na cidade do
Senhor, isso não acontecerá, pois ali toda a honra e toda a glória e todo o
louvor, só serão dados a Deus e ao Cordeiro, porque merecem (5. 12, 13). A
cidade será o objeto especial e eterno da riqueza das nações. Assim essa linda
cidade denominada “nova Jerusalém”, não é a mesma Jerusalém do mundo atual; “a
Jerusalém deste mundo pode ser penetrada por quem quiser nela entrar; mas a do
mundo vindouro não poderá ser penetrada por ninguém, exceto por aqueles que
estiverem preparados e forem nomeados para ela”. As Escrituras nos levam a
entender que, na Nova Jerusalém celeste não poderá sobreviver seres humanos,
mas, só celestiais. As nações convertidas durante o Milênio, serão (“transformadas”)
quando “o céu e a terra” passarem (20. 11); enquanto que os mortos da era
milenial, serão ressuscitados numa nova forma de vida (cf. Dn 12. 2; Jo 5. 29).
E, assim num contexto demonstrativo do significado do pensamento diz Paulo:
“...assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do
celestial”.
27. “E não entrará nela coisa alguma que contamine,
e cometa abominação e mentira; mas só os que estão inscritos no livro da vida
do Cordeiro”.
I “...não entrará nela coisa alguma que contamine”. O presente
texto nos faz lembrar das palavras de Platão, quando dizia: “Na vida presente,
penso que nos aproximamos mais do conhecimento quanto menor for a nossa
comunhão e ligação com o corpo (o corpo do pecado), não sendo infectados pela
natureza do corpo (que é má), mas antes permaneceremos puros até a hora em que
o próprio Deus agradar- se em libertar-nos.., nenhuma coisa impura (há não ser
por meio de Jesus) terá licença de aproximar-se do puro”.
1. Só os que estão inscritos. O contexto
seguinte diz: “...no livro da vida do Cordeiro”. Entre os livros escritos com
tintas e outros não, encontramos os seguintes:
(a) O livro da consciência. Rm 2. 15; (b) O
livro da natureza. SI 19. 1-14; (c) O livro da lei. Rm 2. 12; (d) O livro do
evangelho. Rm 2. 16; (e) O livro das memórias. Lc 16. 25; (f) O livro (s) das
obras humanas. Ap 20. 12; (g) O livro da vida. O livro da vida do Cordeiro é o
livro que dá admissão ao mundo eterno. A missão plena de Jesus Cristo,
derramando o seu sangue, foi para conduzir-nos a Deus, em sua real presença.
Seu título, “Cordeiro”, faz subentender tudo isso. O livro da vida é o livro*
de uma infinita compaixão, porque contém, exclusivamente, nomes de expecadore5.
Está aberto para todos; e, no entanto, muitos desprezam as suas promessas.
Elaboração pelo:- Evangelista
Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de
Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Livro:- Apocalipse versículo por
versículo – Severino Pedro da Silva
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