Capítulo XXII
1. “E MOSTROU-ME o rio da água da vida, claro como
cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro”.
1. “...o rio puro da água da vida”. Esse rio puro
que segundo se diz, é (“o rio da água da vida”) não deve ser identificado como
sendo o mesmo descrito por Ezequiel (47. 1-12), por vários motivos:
1. O descrito
por Ezequiel tem o seu leito na terra; o do texto em foco tem seu leito no céu;
o de Ezequiel, que também é descrito por Zacarias (14. 1-8), terá sua nascente
“...debaixo do umbral da casa” (o templo). Ez 47. 1; o desta secção, porém, no
“trono de Deus e do Cordeiro”. O primeiro será visto durante o Milênio, o
segundo, já na eternidade. Durante o Milênio, a terra será enriquecida com “o
rio milenial”. O leito deste rio será criado no momento em que Jesus tocar com
seus pés sobre o monte das Oliveiras (Zc 14. 4). Sua foz será debaixo da casa
do Senhor, especialmente do seu lado direito.
2. A semelhança
do Jardim do Éden, em que seu rio era dividido em “...quatro braços” (Gn 2.
10); Esse rio porém, será dividido em dois (Zc 14. 4, 8). Esses dois canais
seguirão direções diferentes:
(a) O primeiro,
em direção ao mar Oriental (mar Morto) formando um- vale nas montanhas de Judá
(Zc 1-4. 5), e ampliando as fontes de En-Gedi (fonte do cabrito) e En-Eglaim
(fonte dos bezerros), que encrava-se entre Hebrom e o mar Morto (Js 15. 62; Ez
47. 10), chegando até Asel na parte oriental do território de Judá (Zc 14. 5)
conforme se depreende dos textos e contextos demonstrativos:
(b) O segundo
canal, seguirá em direção do mar Ocidental (mar Mediterrâneo), numa extensão
,de 8O quilômetros aproximadamente (Zc 14. 8). Tudo isso nos faz lembrar o
Jardim do Eden que possuía rios que fluíam, fertilizando suas terras, de tal
modo, que a vida ali era tranqüila e calma. Assim também agora a Jerusalém terá
sua água da vida, e a vida eterna florescerá ali, além de qualquer imaginação humana.
2. “No meio da sua praça, e de uma e da outra banda
do rio, estava a árvore da vida que produz doze frutos, dando seu fruto de mês
em mês; e as folhas da árvore são para a saúde das nações”.
1. “...no meio da sua praça”. Durante o
período sombrio da Grande Tribulação, as duas testemunhas escatológicas foram
mortas (“na praça da grande cidade que espiritualmente se chama Sodoma e
Egito...”), agora, entretanto, elas estão desfrutando das venturas eternas na
(“praça principal”) da cidade do Senhor. Em algumas traduções modernas, podemos
ler em lugar de. “praça” (singular), “ruas” (plural). O grego, nesta passagem,
singulariza a palavra, esse deve ser o sentido original. A “praça” significa
realmente a (“Avenida Principal”), ou (“Eixo da Cidade”). Evidentemente este
lugar se identificará como sendo o “centro” da Capital Celestial.
1. A árvore da vida. Durante o
Milênio, à margem daquele rio, descrito por Ezequiel e Zacarias, havia “...toda
sorte de árvore que dá fruto para se comer” (Ez 47. 12), mas, evidentemente não
era a “árvore da vida”, mas apenas uma (“figura”) daquela (Hb 8. 5; 9. 23).
Aqui, nesta secção, aparece a “árvore da vida” dando também seus frutos de mês
em mês, indicando que ali haverá (“uma espécie de santa ceia divina”) para
lembrar permanentemente a morte de nosso Senhor Jesus Cristo. Suas folhas são
(“foi”) para a saúde das nações, pois não haverá doença no estado eterno! O
significado do pensamento, deve ser analisado em sentido antropomórfico para
ser entendido pela mente natural. Assim, as folhas podem simbolizar a cura dos
sofrimentos passados. A árvore do conhecimento do Bem e do Mal não aparece mais
aqui: com a morte de Cristo, ela secou-se na cruz.
3. “E ali nunca mais haverá maldição contra alguém;
e nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão”.
1. “...nunca mais haverá maldição”. Segundo os
estudiosos, o termo grego usual para “maldição” é “anathema” (1 Co 16. 22; Gl l.
8). O vocábulo aqui empregado significa, segundo se depreende qualquer “coisa
maldita”;..qualquer coisa digna de desaprovação ou juízo divino. A “maldição”
vista na presente passagem cai sobre aqueles que não amam ao Senhor Jesus
Cristo, mas na era eterna não existirá desamor (cf. 1 Co 16. 22).
A maldição
imposta sobre nossos pais (Adão e Eva) no Éden afetou a terra inteira, por
causa do pecado; mas, agora, será totalmente banida. O pecado em sentido lato quando
é citado no singular, define-se como aquele ato de rebeldia que produz a morte,
tanto em seu aspecto físico como em seu aspecto espiritual (Gn 4. 8);
exemplifica a primeira parte (1 Jo 3. 15); exemplifica a segunda. O pecado
assim é então personificado como (“o grande tirano”), que impõe tristeza,
desespero, maldição e morte, colocando a criatura numa região tenebrosa, onde
ela permanece triste e inativa (Mt 4. 16; Ef 5. 14). Mas na cidade celeste à
perfeição será absoluta, a qual, naturalmente, não pode admitir maldição de
qualquer espécie.
4. “E verão o seu rosto, e nas suas testas estará o
seu nome”.
1. “...verão o seu rosto”. Na era antiga,
ninguém podia olhar para Deus e viver (Éx 33. 20). Deus agora é invisível para
os mortais, mas isso será alterado na nova era. Assim como Cristo foi mediador
do que se pode conhecer de Deus, da sua existência e do caráter, em nosso velho
e mortal período, assim também ele terá essa função na Eternidade (cf. 1 Tm 6.
15-16). Assim veremos a Deus “face a face” como Ele é.
1. Hoje, o nome
Teodicéia tornou-se sinônimo de Teologia natural, e se aplica ao conjunto do
tratado de Deus. É a ciência de Deus pela razão. A Teologia em si mesma difere
um pouco da Teodicéia. A Teodicéia é então uma ciência racional; quer dizer que
não recorre senão às luzes natural. Difere por isso da Teologia, que toma por
primeiros princípios, não os princípios da razão, mas os dados da Revelação.
Porém, esse avanço da Teologia Natural e da Revelação a respeito de Deus, não
proporcionou o direito do homem contemplar a Deus face a face. Mas no mundo
vindouro como Ele é o veremos!
5. “E ali não haverá mais noite, e não necessitarão
de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os alumia; e reinarão para
todo o sempre”.
1. “...não haverá mais noite”. O tempo se
compõe, essencialmente, de três partes: o passado, o presente, o futuro. Só o
presente existe: o passado já não é o futuro ainda não é. Isto prova, ainda,
que o tempo, tomado na sua totalidade, não existe realmente a não ser no espírito,
que, graças à memória, conserva o passado e, pela previsão, antecipa o porvir.
1. Agora, porém,
nesta secção, a expressão “... para todo o sempre” é uma tradução do grego
(“tous aionas ton aionon”). Essa expressão, que é traduzida por “pelos séculos
dos séculos”, aparece exatamente treze vezes no Apocalipse. Ela é usada como
segue:
(a) Nove vezes a
palavra se refere a Deus, isto é, nove vezes é dito que Deus vive e domina
“pelos séculos dos séculos”:
(b) Urna vez ela
é utilizada para descrever a existência dos santos no céu:
(e) Uma vez ela
é utilizada para descrever a duração do tormento e castigo eterno do diabo no
inferno:
(d) Duas vezes a
mesma expressão é usada para a duração dos sofrimentos daqueles infelizes
perdidos, que têm que suportar eternamente os seus tormentos. Percebemos que a
expressão e seu equivalente, quer dizer “para sempre e eternamente!” Essa é
portanto, a grande promessa de Deus a todos os habitantes da cidade celestial.
6. “E disse-me: Estas palavras são fiéis e
verdadeiras; e o Senhor, o Deus dos santos profetas, enviou o seu anjo, para
mostrar aos seus servos as coisas que em breve hão de acontecer”.
1. “...mostrar aos seus servos”. Cremos que este
título é aplicado aos santos em qualquer era, passada, atual ou futura. Na
Igreja Primitiva, dependendo da região, assim eram denominados os seguidores de
Cristo: Discípulos (At 6. 1); Discípulas (At 9. 36f); Irmãos (At 15. 22);
Amigos (Jo 15. 15); Eleitos (Cl 3. 12); Santos (1 Co 1. 2); Crentes (Jo 20. 29;
1 Co 1. 21; Gl 3. 9); Cristão (At 11. 26); Servos, aqui, e na Eternidade (Rm 6.
22; Ap 22. 6). O penúltimo apelativo (“cristão”), no sentido religioso
significa “seguidor de Cristo”, e no sentido moral: “parecido com Cristo”.
Assim sendo, “cristão”, por conseguinte, é a mais elevada designação que um ser
humano qualquer pode ter na face da terra; e recebê-lo da parte de Deus; mas no
estado eterno a designação de cristão para servo, tem sentido especial; pois
ali serviremos a Deus para todo o sempre!
7. “Eis que presto venho: Bem-aventurado aquele que
guarda as palavras da profecia deste livro”.
1. “...Eis que presto venho”. Surge neste
versículo uma particularidade sui generis do capítulo 22: a intercalação de
palavras do próprio Jesus. Essa situação repetir-se-á, também, como veremos nos
versículos 13 e 16. A seguir, vem a sexta “Bem-aventurança” do Apocalipse. As
cinco anteriores vêm citadas nas seguintes passagens com significações
especiais: 1. 3 (para os leitores); 14. 13 (para os mortos salvos); 16. 15
(para os que vigiam); 19. 9 (para aqueles que são chamados à ceia das bodas);
20. 6 (para os mártires ressuscitados por Cristo); 22. 7 (para os que guardam
as palavras da profecia); 22. 14 (para os que lavam suas vestiduras no sangue
do Cordeiro).
A palavra
“profeta” ocorre por 12 vezes neste livro e o vocábulo “profecia”, por 7.
Portanto o livro traz o selo da profecia, e a raiz desta se encontra em toda a
extensão da Bíblia, O Apocalipse abre-se com uma bênção para “aquele que lê” e
se fecha com uma bênção para “aquele que guarda” as palavras da profecia!
8. “E eu, João, sou aquele que vi e ouvi estas
coisas. E, havendo-as ouvido e visto, prostrei-me aos pés do anjo que mas
mostrava para o adorar”.
1. “...Eu, João, sou aquele que vi e ouvi”. O nome de João,
usado cinco vezes, demonstra que João, autor do quarto evangelho e das três
epístolas que levam o seu nome também escreveu o Apocalipse, como foi
divinamente instruído a fazer. 1. 1, 9; 21. 2; 22. 8. É evidente que a presente
passagem apresenta o autor como sendo a mesma pessoa do princípio do livro,
dizendo: “Eu, João” (1. 9). O Cristianismo sempre aceitou a João, o filho de
Zebedeu, como o autor deste livro: (ver notas expositivas sobre isso em 1. 1 p.
4). Justino Márter (cerca do ano 135 d. C.) e Irineu (cerca do ano 180 d. C. ),
citaram verbalmente este livro, atribuindo-o a João, um Apóstolo de
Cristo(375).
1. Prostrei-me aos pés do anjo”. É esta a
segunda tentativa de João adorar o anjo que lhe trouxe a revelação (19. 10),
mas o elevado poder angelical não aceitou e, diz a João num tom de amor, mas
com exortação: adora a Deus.
9. “E disse-me: Olha não faças tal; porque eu sou
conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste
livro. Adora a Deus”.
1. “...Adora a Deus. Os anjos são
vistos em toda a extensão das Escrituras. São seres superiores aos homens (2 Pd
2. 11), e obviamente inferiores a Cristo em cinco pontos (Hb 1. 4 e ss);
contudo, jamais, por hipótese alguma, eles aceitam adoração. Sua santidade, à
semelhança da santidade de Deus, não é apenas uma isenção de toda impureza
moral, mas antes, o conjunto de todas as excelências morais. Eles são
exatamente na era presente aquilo que Deus quer que sejam.
Eles possuem um
senso, de apreciação da santidade divina; sentem, por essa santidade, intensa
admiração, pois são seres santos. Portanto, o anjo não era digno objeto de
adoração, conforme João chegou a supor momentaneamente. Essa rejeição por parte
do anjo, foi certamente um golpe mortal, na prática gnóstica da Ásia Menor ao
tempo em que João escrevia este livro. Eles adoravam aos anjos, além de outros
seres que achavam superiores (cf. Cl 2. 18).
10. “E disse-me: Não seles as palavras da profecia
deste livro; porque próximo está o tempo”.
1. “. . .Não seles as palavras”. “Um livro que
não é selado está aberto ao exame e benefício de todos. O que foi selado nos
dias de Daniel (12. 4) agora é exposto aqui”. Daniel viveu cerca de 600 anos
antes da introdução do “...tempo do fim”. Eis a razão por que era necessário a
Daniel selar o livro, mas João, no contexto geral, pertencia a uma geração da
“...última hora”, e não podia fazer o mesmo. Porque próximo está o tempo. Este
versículo 10 além de outras recomendações, parece expressar: não seles as
palavras, pois pouco tempo falta; e necessário é que sejam todos avisados:
Jesus vem breve! Não nos esqueçamos de que o Apocalipse significa revelação, e
é justamente isto que o livro apresenta.
Quanto mais
perto nos achegamos dos acontecimentos registrados nele, tanto mais claras as
profecias se tornam. Este versículo mostra-nos que nossas vidas, quando* não
vividas de acordo com o padrão divino, selam para outros a mensagem das
profecias. Porquanto somos o único evangelho que algumas pessoas lêem (Mt 5.
16).
11. “Quem é injusto, faça injustiça ainda; e quem
está sujo, suje-se ainda; e quem* é justo, faça justiça ainda; e quem é santo,
seja santificado ainda”.
1. “...quem é injusto.., quem é justo”. O versículo em
foco, apresenta duas classes de pessoas: maus e bons, O primeiro grupo está
seguindo em direção à perdição: no caminho largo citado por Jesus (Mt 7. 13); o
segundo grupo está seguindo em direção ao céu: no caminho estreito (Mt 7. 14).
O que João diz neste versículo não é (“uma insinuação ao pecado”), mas sim, é
uma maneira retórica de dizer: (“O tempo é tão escasso que não se pode mais
esperar que os homens queiram mudar, de mal para o bem: Deus exige definição:
escolhei hoje a quem sirvais”). O mundo deve ver a diferença “...entre o justo
e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que não serve” pois já é a última hora
(Js 24. 15; Ml 3. 18; 1 Jo 2. 18). A decisão ou escolha é inevitável, mas é
livre: quem quiser continue na maldade. Quem está em santidade, em santidade
fique. Essa é a séria advertência! A parte de Deus está feita: a decisão cabe
ao homem. Mas se há alguém nesta negra posição, tenha bom, ânimo! levante-se,
Jesus te chama!
12. “E eis que cedo venho, e o meu galardão está
comigo, para dar a cada um segundo a sua obra”.
1. “...o meu galardão está comigo”. Temos nesta
secção alusão ao “Tribunal de Cristo”. Nos estádios gregos, a assembléia se
reunia defronte de uma “plataforma” chamada de (“bêma”) de onde as questões
oficiais eram conduzidas. Esse vocábulo “bêma” originalmente significava apenas
um “degrau”; desta idéia passou a indicar uma “plataforma elevada”, como aquela
usada pelos oradores, pelos juízes das competições esportivas, ou mesmo pelos
magistrados, em seus julgamentos formais. Paulo, emprega essa palavra, para
denotar o “Tribunal de Cristo”. Essa palavra é empregada por (“11”) vezes no
Novo Testamento, e em todas as passagens onde ela aparece, tem sentido
especial:
1. (a) O tribunal de Pilatos. Mt 27. 19; (b)
O tribunal de Herodes. At 12. 21 (c) O tribunal de Gálio. At 18. 12; (d) O
tribunal de César. At 25; (e) O tribunal de Cristo. Rm 14. 10. Em retórica a
encontramos nas seguintes passagens (Jo 19. 13; At 18. 16, 17; At 25. 10, 17; 2
Co 5. 10). As citações textuais sobre o “Tribunal de Cristo” são:
(aa) 2 Co 5. 10,
onde o que temos “feito por meio do corpo” será manifestado perante os olhos de
todos diante do tribunal:
(bb) Rm 14. 10,
onde nossas relações com nossos irmãos serão examinadas perante o eterno
Salvador:
(cc) 1 Co 3.
10-15, onde nosso serviço a Deus é provado como pelo fogo. Este fogo diz
Speaker “durará apenas (“um dia”); é futuro, não presente; é destrutivo, não
purificador; destrói apenas doutrinas, não pessoas; causa perda e não lucro;
causa apenas a reprovação das obras e não do obreiro”. Ali, portanto, haverá
uma “avaliação” do que fizemos e não fizemos; então cada um receberá seu
galardão segundo a sua obra.
13. “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o
primeiro e o derradeiro”.
1. “...o Alfa e o Ômega”. Em Ap 1. 8, há
notas expositivas sobre estes títulos de Cristo. Essas letras eram usadas na
simbologia profética para exprimir totalidade. Um escritor observa que o (“Alfa
e o Ômega”) gregos, equivalem ao (“Álefe e Tau”) hebraicos. “Era dito por
exemplo, que Adão nosso antigo pai, transgrediu a lei de “álefe a tau”; Abraão
nosso pai, pelo contrário, guardou a lei de “álefe a tau”(378). No presente
versículo, o sentido é que o Pai, e o Filho são os Senhores de toda a História,
seu princípio, seu fim e todo o seu curso. Comparando isso com Hebreus (12. 2).
Cristo é o autor e consumador da fé. Portanto, em todas as dimensões e épocas
ele é o começo, a causa primária, e também o fim, a causa final, a realização
daquilo que fora iniciado e a consumação daquilo que foi continuado. Isso
também é dito acerca de Deus Pai, em Ap 1. 8 e 21. 6; assim o Pai e o Filho são
iguais em poder e glória.
14. “Bem-aveflturados aqueles que lavam suas
vestiduras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à árvore da vida, e
possam entrar na cidade pelas portas”.
1. “...aqueles que lavam suas vestiduras”. Este versículo
encerra a sétima e última “bem-aventurança”. Ela aparece na vida daqueles que
(“lavam suas vestiduras no sangue do Cordeiro”). Essa palavra e suas cognatas
são usadas cerca de 50 vezes no Novo Testamento, sendo uma das muitas que o uso
testamentário expandiu e dignificou quanto ao seu sentido. A raiz original, no
grego clássico, parece significar “grande”, e desde cedo foi usada como
sinônimo de rico. No sentido religioso, seu valor é mais profundo. Ela declara,
portanto, quem são os felizes, aos olhos de Deus.
1. O uso
neotestamentário tem seguido a idéia inteira de felicidade espiritual. Assim,
as “Bem-aventuranças” apresentam um quadro especial: (a) Humilhação: elevação;
(b) Humildade de espírito: posse do reino, no coração ou em sentimento real;
(c) Choro: consolo; (d) Mansidão: terra como herança; (e) Fome e sede de
justiça: fartura de virtudes divinas; (f) Misericórdia para com os outros:
misericórdia de Deus para com ele; (g) Pureza de coração: visão de Deus agora e
no futuro; (h) Promoção de paz: paz com Deus por meio de Jesus Cristo; (i)
Sofrimento por Jesus: posse do reino eterno; (j) Os perseguidos: os
recompensados com o galardão da justiça de Deus.
15. “Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os
que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete
a mentira”.
1. “...os cães”. Este é o único item novo neste
versículo, algo que fora dito antes por João ou o anjo neste livro inteiro.
Esse era um termo pejorativo usado pelos judeus, referindo-se aos gentios. De
acordo com a lei cerimonial, o cão era um animal imundo, não podendo conseguir
uma posição melhor dentro do arraial, ficando assim do lado de fora (Dt 23.
18).
1. Tanto o cão
como o porco, são citados por Jesus e Paulo em (Mt 7. 6 e Fl 3. 2), como figuras
de maus elementos. Os antigos os consideravam assim: (a) Os hereges: os cães;
(b) Os inimigos: os porcos. Santo Agostinho os dividia assim: os perseguidores
hostis (cães); os indivíduos imundos, sem sentimento de santidade (porcos).
2. Ama e comete
a mentira. “A mentira é intrinsecamente má, e, conseqüentemente, totalmente
ilícita. Sua gravidade se mede pela gravidade das consequências que pode ter
para o próximo — ou, quaisquer que sejam essas consequências, pela intenção
gravemente perniciosa que a tenha ditado”.
16. “Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos
testificar estas coisas nas igrejas: eu sou a raiz e a geração de Davi, a
resplandecente estrela da manhã”.
1. “...a resplandecente estrela da manhã”. Já encontramos
esse título aplicado a Cristo em (2. 28). Na antiguidade, o planeta Vênus era
considerado como símbolo da imortalidade, em toda a sua glória. Em 2 Pd 2. 19,
essa estrela surgirá em nosso coração, dando a imortalidade e triunfo. Um
escritor observa, quando diz: “Cristo é a brilhante Estrela da manhã do dia
vindouro da eternidade; por conseguinte, ele também dá a estrela da manhã da visão
espiritual do futuro”. A “aurora” era um símbolo messiânico (cf. Jr 23. 5; Zc
3. 8; 6. 12), que denotava o “Renovo”. Conforme a idéia usada neste texto,
trata-se de um duplo simbolismo: Jesus tinha um passado humano, mas também
tinha um futuro divino. Assim ao mesmo tempo que Jesus é a “estrela da,manhã”
também é a “raiz e a geração de Deus”, isto é, o “Renovo” conforme é descrito
pelos profetas do Senhor (Is 4. 2; 11. 1; Jr 23. 5; 33. 15; Zc 3. 8; 6. 12,
13).
17. “E o
Espírito e a esposa dizem: Vem. E. quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede,
venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida”.
I. “...o Espírito e a esposa dizem: Vem”. Após dois mil
anos ausente da corte celestial, o Espírito Santo é o primeiro a solicitar o
retorno de Cristo para o arrebatamento: Ele diz: Vem! A Igreja segue o mesmo
exemplo, dizendo: Vem! E um terceiro grupo: e quem ouve, diz também: Vem!
1. A volta de
Jesus é solicitada em virtude de sua tríplice relação: à Igreja, à Israel, às
nações:
(a) Para a
Igreja, a descida do Senhor nos ares para ressuscitar os que dormem e a
transformar os crentes vivos, é apresentada como uma constante expectação e
esperança. 1 Co 15. 51-52; Fl 3. 20; 1 Ts 4. 14-17; 1 Tm 4. 14; Tt 2. 13; Ap
22. 20.
(b) Para Israel,
a Vinda do Senhor é predicada para cumprir as profecias que dizem respeito ao
seu ressurgimento nacional, a sua conversão, e estabelecimento em paz e poder
sob o pacto davídico. At 15. 14-17:
(c) No caso das
nações, a volta de Cristo é predicada para consumar a destruição do presente
sistema político universal. Dn 2. 44-45; Ap 19. 11-21. A volta do Senhor em sua
primeira fase, só se destinará à Igreja, e é chamada de “encontro”. No que diz
respeito a Israel e às nações, é chamada de sua “manifestação com poder e
grande glória”.
18. “Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as
palavras da profecia deste livro que se alguém lhes acrescentar alguma coisa,
Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro”.
1. “...se alguém acrescentar alguma coisa”. O presente
versículo tem seu paralelo em Pv 30. 5-6, que diz: “Toda a palavra de Deus é
pura; escudo é para os que confiam nele. Nada acrescentes às suas palavras...”.
A biblioteca divina é composta de 66 livros. Em nossas edições, há quatro
divisões menores que estão assim estabelecidas: (“1. 189 capítulos; 31. 173 versículos;
810 697 palavras e 3.506 480 letras”). Do ponto de vista divino, esse conteúdo
é o suficiente para suprir toda e qualquer necessidade humana; assim a partir
do (“AMÉM”), contido no versículo 21 do presente capítulo, qualquer “acréscimo”
à revelação de Deus é “anátema”. O autor sagrado desta tão grande obra, tinha
certeza de que seu livro é inspirado; por conseguinte, precisava ser protegido
de mãos criminosas; pelo que responsabiliza mediante autoridade de Deus. De
conformidade com Eusébio(381), Irineu adicionou uma maldição assim a um livro
que escrevera combatendo os hereges.
Entretanto, a
integridade do Apocalipse, sem dúvida alguma, é mais sublime e tem sido
sustentada até hoje e continuará na Eternidade.
19. “E, se alguém tirar quaisquer palavras do livro
desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, e da cidade santa,
que estão escritas neste livro”.
1. “...quaisquer palavras do livro desta profecia”. A palavra
“livro” ou “livros” ocorre por 28 vezes no Apocalipse. Mas agora, na presente
secção, ela termina a sua missão.
1. R. Norman
observa, que o versículo anterior apresente o lado “negativo”, isto é, que os
prevaricadores do texto sagrado serão severa- mente julgados. O presente
versículo, porém, dá o lado “positivo”, isto é, as bênçãos que estes
prevaricadores perderão! tudo o que fora mencionado nas secções anteriores do
Apocalipse. Certamente os versículos 18 e 19 ilustram a severidade da revelação
divina e nossas relações com a mesma.
2. Desde a
antiguidade os escribas velavam cuidadosamente sobre o não “acrescentar” ou
“diminuir” (“qualquer”) palavra da Escritura. Tão fiéis eram esses escribas em
copiar o texto exatamente como acharam, palavra por palavra, letra por letra,
que qualquer pessoa pode abrir uma Bíblia Hebraica (original) e verificá-la. Em
certos trechos há letras impressas (escritas) invertidas, e a coisa curiosa é
que nem escritor nem impressor as corrigiu. Duas coisas contribuíram para esse
fim: (a) Os escribas eram fiéis; (b) Deus estava “...velando sobre ela” (Jr 1.
12)!
20. “Aquele que testifica estas coisas diz:
Certamente cedo venho. Amém. Ora vem, Senhor Jesus”.
1. “...Certamente cedo venho”. Há na Bíblia
cerca de 2.500 referências sobre a vinda de Jesus para o arrebatamento. 2. 182
são predições proféticas e 318 em termos reais.
Estas 318 vezes
são encontradas em 24 livros do Novo Testamento. Apenas três livros dos 27 não
contêm as citações textuais, mas em essência: (Filemom, 2 e 3 João).
1. Ora vem, Senhor Jesus. O texto em
foco, pode ser também confrontado com 1 Co 1. 22, onde lemos: “Se alguém não
ama ao Senhor Jesus Cristo, seja anátema; maranata”. Esta expressão partida do
coração de Paulo, é a transliteração do siríaco: “...maran-atha” que quer dizer
“...nosso Senhor está vindo”, ou “O Senhor Vem!”. (Cf Fl 4. 5). Ë esta a última oração da Bíblia:
“VEM!”. Paulo, antes de pronunciá-la, disse: “...seja anátema”.
Esse uso bem
indica, uma interjeição, que significa: “Que seja maldito (sem importar quem ou
que coisa), na vinda do Senhor” (cf. 2 Tm 4. 8; Ap 3. 16). Essa palavra grega
parece corresponder à “interdição” dos hebreus. Em outras palavras, isso
significaria: “Que tal indivíduo seja à interdição, ou seja, consagrado à ira
de Deus. Seja como for: “se alguém não ama ao Senhor Jesus Cristo, seja
anátema!”
21. “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com
todos vós. Amém”.
1. “...A graça de nosso Senhor”. O Antigo
Testamento termina sua História com a palavra (“maldição”). Ml 4. 6, o Novo
porém, com a (“Graça do Senhor Jesus Cristo”). O Apocalipse, termina já dentro
dos limites da Eternidade. O tempo corresponde ao que muda, ao que comporta a
sucessão e o vir-a-ser. — A eternidade é uma duração, quer dizer, uma
permanência de ser, sem nenhuma sucessão e, daí, sem começo nem fim. Pode-se
dizer, em outras palavras, que é um eterno presente, uma posse perfeita e total
do ser. A Bíblia começa sua história falando em Deus (Gn 1. 1) e termina
falando no homem: mas do homem santo (v. 21). Ao terminar sua missão histórica,
a Escritura encerra com “...a Graça”. Não poderia ser usada aqui melhor forma
do que esta: “A Graça”. Eis uma gloriosa expressão: “A graça do Senhor Jesus
Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com vós todos.
Amém”. Aqui termino! Toda a minha gratidão a Deus! Amém.
Elaboração pelo:- Evangelista
Isaias Silva de Jesus
Igreja Evangélica Assembléia de
Deus Ministério Belém Em Dourados – MS
Livro:- Apocalipse versículo por
versículo – Severino Pedro da Silva
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